Crescimento
22/06/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:48am
O mercado para produtos orgânicos – sem uso de agrotóxicos, adubação química ou hormônios – está se expandindo rapidamente no Brasil, mas os produtores ainda enfrentam barreiras para chegar aos consumidores. A avaliação é de produtores orgânicos reunidos na conferência Green Rio, evento de agricultura orgânica paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20.
A produtora rural Romina Lindemann, da empresa Preserva Mundi, que fabrica produtos de uso medicinal e Veterinário a partir do neem, uma erva indiana cultivada na fazenda da família, no município de São João de Pirabas, no nordeste do Pará, reclama da falta de assistência técnica e da logística de entrega.
"A dificuldade para os produtores orgânicos é o acesso à assistência técnica. Hoje o produtor fica carente. A indústria química tem pessoal para colocar equipes viajando de carro pelas estradas do país. Os produtos naturais custam até mais barato, mas não tem a assistência que a indústria química dá. O governo tenta fazer algumas ações, mas ainda é muito limitado", disse Romina, que cultiva 160 mil pés de neem (planta indiana usada como repelente) em sua fazenda. O produto tem apresentações em pó, sabonete ou líquida e pode ser usado no combate a piolhos, bernes, vermes e mosca de chifre em bovinos, na forma de chá.
Para a produtora orgânica Rosangela Cabral, dona da empresa Secale Pães Orgânicos, o maior problema não foi a aceitação de sua linha de pães, mas a dificuldade para encontrar uma logística de distribuição que atenda tanto aos grandes mercados como às pequenas lojas de produtos naturais, muitas a centenas de quilômetros de distância de sua padaria, em Porto Alegre.
A responsável pela conferência Green Rio, Maria Beatriz Martins Costa, da empresa Planeta Orgânico, reforça a tese de que a produção orgânica está ficando cada vez mais barata e acessível a um segmento maior de consumidores, por meio dos ganhos de escala. "Um grande impulso que o mercado está tendo são as políticas públicas, na medida em que os agricultores familiares têm incentivo a entrar no setor orgânico. Um dos maiores grupos de supermercado do Brasil registrou crescimento de 35% na venda de orgânicos em 2011, comparado com o ano anterior, que já vinha de um crescimento de 70% desde 2003, quando começaram a trabalhar com produtos orgânicos", destacou Maria Beatriz.
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