Consumidor

08/11/2010 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:24am

Um grupo de 20 pecuaristas da região de Campo Grande se uniu para formar uma cooperativa e vender carne diretamente para o varejo. O objetivo da iniciativa é agregar valor ao produto e diminuir a dependência dos produtores em relação à indústria frigorífica.

Segundo a Comissão de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), o Estado possui hoje 36 indústrias que possuem o Selo de Inspeção Federal (SIF) -, mas 15 não estão operando.

"Hoje, com a cotação da arroba em alta, o produtor consegue cobrir o custo de produção, mas, na média histórica, isso não ocorre", diz o pecuarista José Lemos Monteiro, que coordena a Comissão de Pecuária de Corte da Famasul. Conforme estimativas do Sindicato Rural de Campo Grande, a margem bruta de lucro da indústria chega a 20% e a do varejo, a 120%. "Não se sabe exatamente qual é o lucro da indústria e do varejo, mas sabemos que a remuneração do criador não cobre os custos de produção."

A cooperativa deve começar a operar no início de 2011. "Queremos aprender a vender carne. Vamos começar com 4 mil, 5 mil animais e cada cooperado deverá fornecer pelo menos 200 cabeças de gado por ano, em entregas com intervalo máximo de 70 dias. A ideia é que cada produtor se comprometa a fazer pelo menos cinco vendas por ano", explica Monteiro. O abate dos animais será feito por um frigorífico prestador de serviço – que será pago com dinheiro da cooperativa – e a carne será vendida para varejistas e abastecerá casas de carne próprias. "A meta é, em um ano, trabalhar com 5 mil cabeças e duas casas de carne", prevê Monteiro. Segundo ele, a venda de animais diretamente para a indústria deixa o produtor muito vulnerável. "Como negociar preços sem conhecer a escala de abate? Cada dia que passa a ideia de cooperativa torna-se mais necessária para o pecuarista reduzir prejuízos".