Comércio

27/09/2010 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:25am

O governo brasileiro vai brigar para que o governo da Rússia trate o País da mesma forma que faz com a Europa e os Estados Unidos – pelo menos nos aspectos comerciais. No início de outubro, a diplomacia brasileira vai pedir à Rússia o fim suas cotas para as exportações de carnes. O tema ainda será tratado durante a visita que o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, realizará a Moscou em outubro, acompanhando de empresários do setor de carnes.

"Queremos ter o mesmo tratamento que Moscou dá para europeus e americanos", afirmou o embaixador do Brasil na capital russa, Carlos Paranhos.

A ofensiva brasileira faz parte das negociações para a adesão da Rússia à Organização Mundial do Comércio (OMC). Há 17 anos o Kremlin negocia sua entrada na entidade e estipulou cotas para sua eventual liberalização do mercado, repartindo o consumo russo entre europeus e americanos, que há até poucos anos eram, de fato, os maiores fornecedores do produto.

Apenas uma parcela menor da cota ficou com o Brasil. "Mas essa distribuição é fruto de uma relação do passado. Hoje, a realidade é outra", disse Paranhos.

Apenas no setor de carne Suína, os dados oficiais mostram exportações brasileiras de US$ 1,2 bilhão em 2009. Para 2010, a previsão é chegar a US$ 1,45 bilhão, com mais de 570 mil toneladas vendidas para o exterior.

"A posição do setor privado é exigir o fim da descriminação geográfica, isto é, queremos a mesma tarifa para todos – como, em tese, a Rússia assinou no memorando de entendimento com o Brasil em 2005", afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto.

Mas os objetivos brasileiros podem ser frustrados. Na semana passada, o governo russo anunciou que não acreditava estar pronto para a adesão à OMC, mesmo que o Kremlin e a Casa Branca tenham declarado em junho a intenção de acelerar o processo.

Atualmente, a Rússia é a maior economia do mundo ainda fora da OMC. Mas o país está sendo pressionado por americanos e europeus a abrir sua economia em setores estratégicos para a concorrência externa.