Comércio de bovinos
06/04/2010 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:27am
Um novo sistema de comercialização de gado bovino, que está operando no país em caráter experimental, deve trazer mais segurança aos pecuaristas na hora de vender o produto aos frigoríficos. A Bolsa de Carnes do Brasil, um produto novo criado pela Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), garante o pagamento antecipado da arroba do boi gordo. Apenas mediante a garantia do depósito na conta da BBM, o frigorífico poderá retirar o gado dos currais.
O novo produto será apresentado aos criadores de Mato Grosso no dia 6 de abril, no auditório da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), pelos diretores da BBM, controlada pela BM & FBovespa. O lançamento oficial será no dia 12, na Famasul, em Campo Grande (MS).
Para o coordenador do CentroBoi, órgão ligado à Famato, Francisco Assis do Amaral, o novo sistema é a solução para acabar com a inadimplência dos frigoríficos e trará credibilidade para a comercialização. Como as operações só poderão ser feitas por corretor credenciado, o CentroBoi já está preparado para auxiliar o produtor na comercialização do boi à vista pelo novo sistema, da mesma forma que presta serviço aos criadores na negociação do gado no mercado futuro. Pelo sistema, cada operação custará 0,5% sobre o valor total. Não haverá taxa de corretagem. Estima-se um custo entre R$ 5 a R$ 7 por cabeça de gado. Hoje, as corretoras cobram entre R$ 12 e R$ 15.
Mas as vantagens não são apenas para os pecuaristas. Conforme Carlos Eduardo Dupas, vice-presidente da BBM e responsável pela regional de Campo Grande (MS), o novo sistema irá democratizar a oferta de gado, pois o pequeno frigorífico terá a mesma oportunidade e oferta do grande. Além disso, as industrias frigoríficas poderão planejar os abates, de forma que a estrutura não fique ociosa, trazendo prejuízo diário aos empresários, por conta do custo operacional.
O assessor de novos produtos da BBM, Edílson Alcântara, avalia que só com a Bolsa de Carnes o produtor estará fechando um negócio à vista. Hoje, segundo ele, as vendas chamadas à vista são realizadas com pagamentos em até sete dias. E mesmo assim o frigorífico primeiro leva o boi, e depois o produtor recebe. Nesse mundo dinâmico, um dia pode fazer toda a diferença.
O sistema comportará três modalidades de operações. Na venda em leilão, o produtor fará a oferta no sistema da bolsa detalhando as características do rebanho de boi gordo – apenas animais entre 15 e 23 arrobas. Ele transformará o gado em arrobas de carne e fixará um preço mínimo por arroba. De outro lado, o frigorífico analisará o rebanho e fará sua oferta. Em caso de negócio, o frigorífico fixará, até as 17 horas do mesmo dia, a escala de recolhimento e de abate dos animais.
Dois dias úteis antes, terá que depositar 90% do valor da operação na conta de liquidação da BBM, que avisará o pecuarista para preparar os animais. Em seguida, o frigorífico emitirá o romaneio de abate, com valor total de arrobas e preço final. O prazo será até o meio-dia do dia útil seguinte. Depois, a BBM fará o cálculo de liquidação. Se der a menos, a bolsa devolverá a diferença ao frigorífico. Se der a mais, o ajuste será feito entre as partes. Se um parte romper o contrato, um juiz arbitral da bolsa tentará a conciliação ou resolverá o caso em julgamento. Quem descumprir, paga 10% de multa.