Clone
18/09/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:43am
Nasce em Santa Catarina o primeiro clone de vaca ameaçada de extinção
Bezerra saudável oferece uma esperança para a raça flamenga
A raça bovina flamenga distanciou-se um pouco da extinção. Com apenas 50 animais sobreviventes no Brasil, concentrados em Lages, no interior catarinense, o Rebanho aumentou com o nascimento de seu primeiro clone, uma bezerra batizada de Brisa. Ela foi a única dos 32 clones produzidos que sobreviveu. A bezerra é uma cópia de uma vaca de 20 anos, que era estéril.
Brisa chegou perto de ter irmãs. Uma delas, chamada Primavera, sofreu alterações no pulmão, pneumonia severa e problemas renais na gestação. Morreu dez minutos depois de concluído o parto. A outra irmã nasceria por esses dias, mas, no início do mês, pesquisadores do Laboratório de Reprodução Animal do Centro de Ciências Agroveterinárias da Universidade do Estado de Santa Catarina (CAV-Udesc) perceberam que a mãe de aluguel estava apática.
– A vaca estava isolada, sem pastar – conta Alceu Mezzalira, coordenador do CAV-Udesc. – Descobrimos que o feto havia morrido. Fizemos uma cesárea para retirá-lo. Provavelmente houve uma inflamação da placenta.
A morte de Primavera cercou de precauções o parto de Brisa. Programada para o dia 7, a cesárea aconteceu três dias antes. Brisa nasceu com 47 quilos, 20 a mais do que um bezerro comum.
– No início da gestação, o feto de um clone é muito menor do que o normal. Para compensar isso, a estrutura que liga a parte materna da placenta à fetal cresce exageradamente – explica Mezzalira. – O feto, então, recebe um suprimento adicional e nasce com sobrepeso, mas muitas vezes prematuro.
Os pesquisadores só saberão se Brisa é fértil quando ela chegar à puberdade, o que ocorre a partir dos 15 meses de vida.
Originária de Flandres – daí o nome flamenga -, na Bélgica, a raça também está em risco iminente de extinção na Europa. No Brasil, ela se adaptou ao clima do Sul, mas foi abandonada pelos produtores rurais nos anos 80. Eles passaram a receber incentivos de órgãos de fomento apenas por rebanhos produtores de leite, o que não é o ponto forte das flamengas. Cientistas, porém, dizem que preservar a raça é importante para a diversidade genética. Sobrou apenas o Rebanho da unidade experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária e extensão rural de Santa Catarina (Epagri).