CFMV participa de audiência pública sobre aumento de casos de leishmaniose no país

03/09/2015 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:50am

O aumento dos casos de leishmaniose no país e discussões sobre o controle da doença foram tema de audiência pública realizada nesta quinta-feira (3/9), na Câmara dos Deputados, pela Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar maus-tratos de animais. A audiência contou com a participação da presidente da Comissão Nacional de Saúde Pública Veterinária do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CNSPV/CFMV), Sthenia Amora.

A presidente da CNSPV defendeu que o controle da leishmaniose só pode ser feito por meio da Saúde Única e de uma atuação integrada entre os profissionais. “O CFMV quer valorizar a vida humana, animal e ambiental e, para tanto é preciso pensar no conjunto envolvido na questão, e os reflexos que a leishmaniose tem na saúde humana”, afirmou. 

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A importância da presença do médico veterinário nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) e de um trabalho conjunto que leve conhecimento sobre a doença a regiões menos favorecidas, como as periferias, também foi destacada por Amora. “Desejamos trabalhar em prol da saúde pública, com atenção básica e prevenção, para tratar do problema antes”, diz. 

A prevenção da doença, segundo ela, deve ocorrer principalmente por meio do combate ao vetor da doença. “Se não houvesse a presença do vetor, não importaria o número de pessoas ou animais acometidos, pois é ele que mantém a transmissibilidade da doença”.

O médico veterinário e mestre em imunologia médica pela Universidade de Brasília, Paulo Tabanez, também acredita ser necessário focar no controle do vetor, ainda que seja uma tarefa complexa. “O objetivo é reduzir a incidência da leishmaniose, pois diminuindo a incidência no cão, também poderá ser reduzida a incidência da doença na população”, afirma.

Para o gerente da Unidade Técnica de Zoonoses Vetoriais e Raiva da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Renato Alves, o fato de o Brasil possuir um grande número de casos da doença em humanos exige soluções específicas, voltadas à realidade do país.

Segundo ele, a leishmaniose é considerada uma questão de saúde pública. Dados do Ministério da Saúde indicam que em 2014 foram identificados 3.453 casos em humanos nos 21 estados da Federação, a maior parte concentrada na região Nordeste. Além disso, 42% dos casos atingiram crianças, que também apresentaram uma alta letalidade. 

“Ainda não existe uma vacina potencialmente adequada aos animais e há consenso de que o tratamento não elimina o parasita do cão, além de não quebrar a cadeia de transmissão e não ter como evitar os casos em humanos”, explicou. 

Alves ressaltou a importância de trabalhar medidas de controle alternativos, com a adoção de novas tecnologias e estratégias. “Lembrando que qualquer incorporação exige estudos e evidências científicas que comprovem a efetividade e controle dessas estratégias”.  Entre exemplos de medidas alternativas, citou vacinas e coleiras com inseticidas.

Saiba mais

A leishmaniose visceral canina, caracterizada inicialmente como uma doença rural, tornou-se um problema crescente com a expansão urbana no país.  É transmitida pelo mosquito-palha ou birigui (Lutzomyia longipalpis). Ao picar, ele introduz na circulação do hospedeiro o protozoário. A doença não é contagiosa e a transmissão do parasita acontece por meio da picada do mosquito fêmea infectado. Os parasitas vivem e se multiplicam no interior das células que fazem parte do sistema de defesa do indivíduo.

Assessoria de Comunicação do CFMV