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05/11/2010 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:24am
País enfrenta menor oferta de animais em condição de abate, problema que não tem solução no curto prazo. Outra questão é a alta do real, que encarece os preços, em dólar, em relação a outros países; arroba já custa US$ 66.
A indústria de carne bovina brasileira, um do setores que mais cresceram nos últimos anos no país, vai ter de buscar um novo cardápio, principalmente no que se refere ao mercado externo.
Dois dos grandes pilares do setor nacional começam a mostrar uma certa corrosão. O país sempre teve quantidade de carne e preços altamente competitivos.
O cenário recente já mostra uma oferta menor de bois prontos para abate, situação que não deverá ser resolvida no curto prazo. Os preços do animal já estão até mais elevados do que em outras regiões produtoras do mundo.
A arroba de boi gordo -refletindo a entressafra, a demanda aquecida e a dificuldade de os frigoríficos conseguirem uma escala normal de abate- já atingiu R$ 113, segundo o Cepea.
Nos patamares atuais da moeda norte-americana, a arroba estaria a US$ 66. Antonio Camardelli, presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), diz que, nesse novo cardápio, a indústria tem dois pontos básicos para desenvolver.
Olhar mais para dentro da empresa e concentrar esforços na busca de novos mercados que substituam a blindagem colocada ao setor pela União Europeia.
CUSTOS
Olhar para dentro significa, é claro, a busca de redução de custos e o aumento de competitividade no processo industrial.
Até a logística, que acabava não sendo um grande problema devido à competitividade do produto brasileiro, deverá ser vista com novos olhos, segundo Camardelli.
Ele diz que as empresas precisam de um pacote técnico que contemple a autogestão. Afinal, elas entendem de todo o processo de produção.
Essa ausência faz com que o governo faça inserções de cima para baixo. "Este é o momento propício para repensar isso", diz ele.
O executivo destaca que nos demais países produtores as regras são feitas por produtores e pelas indústrias, com o governo exercendo o controle para que elas sejam cumpridas.
Do lado externo, o país tem avançado muito nos últimos anos devido a um forte programa de marketing.
A carne brasileira praticamente chega a todos os mercados, mas os poucos que faltam são exatamente os que mais pagam bem.
"É preciso concentrar esforços em mercados que sejam alternativas à Europa. Entre esses mercados estão Japão, Coreia do Sul, Taiwan e Estados Unidos", diz ele.
A concorrência está aumentando muito também no setor de carnes nobres.
Países como Uruguai, Paraguai e Argentina conseguiram elevação no status sanitário e já começam a vender para aqueles mercados. É o caso do Uruguai, que já tem o México na lista de clientes.
Mesmo nas carnes de menor valor agregado o Brasil começa a ter novas concorrências -a Índia, que começa a ocupar com força os países islâmicos, com a venda de carne de búfalo.
Os indianos deverão colocar mais de 1 milhão de toneladas no mercado neste ano. E garantem que esse volume cresce muito nos próximos.