Brumadinho

11/12/2020 – Atualizado em 12/05/2021 – 3:35pm

Balanço triênio 2017-2020 > Inovação

BrumadinhoO rompimento da barragem de rejeitos de mineração do Córrego do Feijão, em Brumadinho, município da região metropolitana de Belo Horizonte (MG), foi um divisor de águas na visibilidade da atuação dos médicos-veterinários e zootecnistas para a sociedade e para os próprios profissionais sobre a necessidade de organizar a assistência veterinária em cenários de desastres.

Foram 16 dias ininterruptos de trabalho e mais de 30 profissionais envolvidos no resgate de animais em Brumadinho. Desde o primeiro dia da tragédia, no dia 25 de janeiro de 2019, o Sistema CFMV/CRMV se mobilizou e uma equipe de médicos-veterinários, zootecnistas, biólogos e bombeiros civis, entre outros profissionais, foi liderada pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais (CRMV-MG), com o apoio do CFMV.

Além da solidariedade e valorização dos profissionais, patentes não só pelo volume dos que se prontificaram a ajudar, mas também pela grande quantidade e produtos veterinários doados, Brumadinho deixou importante legado: a necessidade de aperfeiçoar os protocolos de prevenção de desastres, com planos de contingência de resgate de animais.

Plano de Desastres

Plano Nacional de Contingência de Desastres em Massa Envolvendo AnimalO CFMV criou o Grupo de Trabalho de Desastres em Massa Envolvendo Animais (GTDM) em maio de 2019 para construir o protocolo de contingência e incluí-lo nos sistemas de comando de Defesa Civil e Corpo de Bombeiros, orientando resgate e primeiros socorros de animais sobreviventes, bem como a atuação em campo dos profissionais.

O resultado chegou em outubro de 2020 com a publicação do Plano Nacional de Contingência de Desastres em Massa Envolvendo Animais.  Por destino e vocação, seu lançamento aconteceu no momento que o Pantanal sofria com as queimadas e médicos-veterinários e zootecnistas estavam na linha de frente resgatando animais atingidos pelos incêndios.

Com orientações para a atuação dos profissionais em cenários dessa natureza, o plano apresenta diretrizes de como conduzir o resgate, a assistência veterinária, a manutenção e a destinação de animais domésticos e silvestres. O próximo passo do CFMV é apoiar ações na resposta e na prevenção de próximos desastres, bem como capacitar os CRMVs para capilarizar o conhecimento e descentralizar a atuação em ocorrências de desastres, sem a necessidade de deslocar equipes de outros estados.

O documento ganhou grande divulgação, gerando mídia espontânea em diversos veículos de comunicação, como O Estado de S.Paulo, Agência Brasil, CNN, Rádio CBN, inclusive Jornal Nacional, inclusive com repercussão internacional no boletim eletrônico da Associação Mundial de Veterinária (WVA, sigla em inglês), que possui 94 associados e representa a voz de mais de 500 mil médicos-veterinários ao redor do mundo.

Os incêndios do Pantanal e a repercussão da assistência veterinária no resgate de animais, abriram portas para que o CFMV e os conselhos regionais de Mato Grosso do Sul e de Mato Grosso fossem convidados a participar da elaboração do Estatuto do Pantanal. A proposta é da Comissão Temporária do Pantanal (CTEPantanal) do Senado Federal e os representantes do Sistema CFMV/CRMVs participaram de audiência públicas com os parlamentares para debater a construção de uma legislação voltada para proteção do ecossistema pertencente aos dois estados.

Manual de Ictiofauna

Manual de Resgate e Assistência à Ictiofauna em Situações de Desastres AmbientaisComo material complementar, o GTDM elaborou o Manual de Resgate e Assistência à Ictiofauna em Situações de Desastres Ambientais aprovado na penúltima plenária da gestão. O guia auxilia na tomada de decisões e na gestão de risco para os resgates das populações de peixes de vida livre ou sob cuidados humanos em situações de desastres ambientais como inundações, tempestades, seca, rejeitos químicos em água, rompimento de barragem e poluição.

O grupo se dedicou à elaboração do documento, pois o Brasil possui um grande mercado da aquicultura industrial, com um crescimento anual aproximado de 14,2%. Além disso, segundo dados de 2013 da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), aumenta o número desses animais criados como pets dentro das casas das famílias brasileiras, sendo, atualmente, a quarta espécie mais comum no Brasil e a primeira no mundo. Frente a essa riqueza da fauna e diversidade da sua relação com os seres humanos, perceberam a responsabilidade dos cuidados com esses animais em situações de desastres.

O manual traz orientações sobre a avaliação imediata após os desastres e destaca como resgatar, conter e transportar os peixes. Esclarece como construir abrigos temporários e monitorar a qualidade da água, bem como as regras apropriadas de manejo e as possibilidades de interação entre as espécies. O documento aborda aspectos nutricionais e de bem-estar dos peixes, bem como a avaliação clínica para intervenção médico-veterinária, inclusive os casos em que a eutanásia é um procedimento a ser considerado.

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