bovinos
09/03/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:20am
Relatório indica que a liberalização das importações do bloco latino-americano causaria perdas de 25 bilhões de euros
O Comitê de Organizações Agrárias e Cooperativas Europeias (Copa-Cogeca) declarou nesta sexta-feira (04/03) que um acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) provocaria o "colapso" total do setor bovino europeu.
O Copa-Cogeca divulgou um estudo, feito em vários países europeus, que indica que a liberalização das importações do bloco latino-americano causaria "perdas de 25 bilhões de euros" para os produtores de carne bovina da UE.
O relatório foi publicado duas semanas antes da reunião entre representantes europeus e do Mercosul em Bruxelas, quando darão prosseguimento às negociações com o objetivo de chegar a um acordo de associação. Nestas discussões, o Mercosul, que conta com países líderes em produção de gado, reivindica concessões para aumentar o acesso de produtos agrícolas ao mercado europeu.
Importações
O estudo do Copa-Cogeca examinou as importações e os preços de entrada da carne do Brasil em mercados de três países: Reino Unido, Alemanha e Itália. O comitê acrescentou que um acordo comercial aumentaria também "a volatilidade dos preços e provocaria um grande aumento das importações europeias de carne de porco, de aves e de milho" procedentes do Mercosul.
Além disso, o Copa-Cogeca assinalou que o bloco latino-americano produz os mesmos bens agrícolas que os países europeus e que, na atualidade, 90% das importações de carne da UE procedem do Mercosul. "Uma liberalização ainda maior do comércio com o Mercosul aumentará nossa dependência das importações. Além disso, as condições meteorológicas e as decisões políticas desses países" colocarão em jogo a segurança do abastecimento alimentício da UE.
O Copa-Cogeca acrescentou que um acordo duplicaria o nível das emissões de dióxido de carbono, o que "vai contra" o compromisso assumido pela UE de reduzir suas emissões de gases do efeito estufa. Os agricultores europeus também mostraram preocupação com as condições sanitárias da produção bovina no bloco latino-americano, sobretudo pelo uso de hormônios. "A Copa-Cogeca se opõe rigorosamente a qualquer nova concessão a países não comunitários", concluiu o comunicado.