Biogás

23/11/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:04am

Entre as vantagens competitivas, em relação aos demais Estados, estão o clima quente e a grande quantidade de animais. É o que garante o gerente do Centro de Estudos do Biogás, da Fundação Parque Tecnológico de Itaipú, Ansberto do Passo Neto, sobre a viabilidade sustentável e econômica dos biodigestores na produção de energia.Neto citou ainda, durante o 1º Seminário de Biodigestores de Mato Grosso’ promovido pela Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf), nesta terça-feira (22.11), experiências bem sucedidas realizadas no Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e no Rio Grande do Sul onde os Estados aproveitam os dejetos de animais (bovinos e suínos) e transformam em energia elétrica, através do biogás, que é utilizada na propriedade e o excedente comercializado diretamente nas concessionárias de energia.

O secretário da Sedraf, José Domingos Fraga Filho, destacou a importância do evento com a presença de pesquisadores e professores renomados no país que apresentaram exemplos bem sucedidos e soluções capazes de possibilitar a implantação e o desenvolvimento de atividades consideradas altamente poluidoras. “Atualmente estamos desperdiçando matéria-prima quando jogamos fora os dejetos de animais que hoje são considerados fonte de riqueza na geração de emprego, renda, preservação ambiental e na qualidade de vida dos produtores rurais”, pontuou.

VANTAGENS

Só para se ter uma ideia, uma propriedade rural sustentável que implanta um biodigestor – equipamento que produz biogás, uma mistura de gases produzida por bactérias que digerem matéria orgânica. Se instalado nas propriedades, pode transformar dejetos animais (esterco e urina) em combustível e energia elétrica.

Além disso, os efluentes do biodigestor possuem propriedades fertilizantes. O líquido contém elementos químicos como nitrogênio, fósforo e potássio em grandes quantidades que podem ser utilizados na adubação de espécies vegetais através da fertirrigação.O pesquisar da Embrapa de Concórdia, Santa Catarina, Airton Kunz, explicou que dependendo do tamanho do biodigestor pode levar entre 30 e 60 dias para ser construído e cerca de 30 dias para começar a operar, período de adaptação de todo o sistema.

EXEMPLO DE SUCESSO EM MATO GROSSO

Mato Grosso figura em quinto lugar no ranking nacional de rebanho de suíno e para evitar que os dejetos dos animais fiquem a mercê do meio ambiente, o diretor da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat) e presidente da Cooper Mutum, Valdomir Natal Ottonelli, revelou que no município de Nova Mutum foram construídos, há seis anos, cerca de cinco biodigestores. A preocupação inicial era exclusivamente ambiental, mas depois com a geração da fonte de energia elétrica, a granja passou a utilizar a matéria-prima e o excedente é usado na biofertilização do eucalipto na cooperativa que é transformado em fonte de renda, através da madeira.

CÂMARA TÉCNICA BIODIGESTORES

Criada a partir de uma demanda do deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa, José Riva, a Câmara Técnica de Biodigestores está sendo implantada na Sedraf com representantes de todos os segmentos de pesquisa, ensino, iniciativa privada e governo do Estado. De acordo com o assessor Técnico da Sedraf e o responsável pela Câmara Técnica de Biodigestores, Paulo Bilégo, o seminário foi a primeira ação desenvolvida pela Câmara e com base no que foi discutido no evento, será desenvolvidas políticas públicas para viabilizar a implantação de biodigestores que hoje ainda é muito caro porque é preciso recorrer a outros estados.

A meta é atrair as empresas para Mato Grosso, por meio de incentivos fiscais, a fim de reduzir custos para que os pequenos produtores rurais também possam investir nessas ferramentas tecnológicas que garantem a preservação do meio ambiente, renda e qualidade de vida.Estiveram presentes o secretário de desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf), José Domingos Fraga Filho; representantes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, o presidente da frente Parlamentar, Zeca Viana; diretor da Acrismat e presidente da Cooper Mutum, Valdomir Natal Ottonelli; Analista de Pecuária da Famato, Augusto Zanata e o presidente da Empresa mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), Enock Alves dos Santos, autoridades, Ongs e produtores rurais de vários municípios do Estado.