Benefícios

16/07/2010 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:26am

A zooterapia, tratamento de pessoas por meio de animais, traz benefícios significativos na melhoria da qualidade de vida de idosos institucionalizados. O contato com animais como cães, peixes, tartarugas, pássaros e até escargots vem proporcionando um aumento da afetividade, do ânimo e da socialização dessas pessoas, como mostra o projeto implantado pela professora Maria de Fátima Martins, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP.

O projeto “Desenvolvendo a afetividade de idosos institucionalizados através dos animais” existe desde 2006 e tem repercutido positivamente na saúde dos idosos. A cada 15 dias, um grupo de 5 ou 6 alunos de graduação e pós-graduação, tanto da USP como de outras instituições de ensino, realiza uma visita aos idosos internados no asilo São Vicente de Paula, em Pirassununga, levando os animais para interagirem com as pessoas. A instituição acolhe cerca de 31 idosos, entre homens e mulheres.

“Desde que implantamos o projeto, observamos inúmeras melhorias na qualidade de vida desses idosos”, aponta Maria de Fátima, coordenadora da iniciativa e docente do Departamento de Nutrição e Produção Animal (VNP) da FMVZ, no campus de Pirassununga. Entre os animais estão cães como labrador, golden retriever, basset e até sem raça definida SRD, além de canários e calopsitas. “O importante é que o animal tenha passado por um processo educativo para estar apto a ser levado ao asilo e que esteja adequado sob o ponto de vista sanitário”, afirma.

Segundo a professora, se antes os idosos se mostravam fechados, sem se comunicarem entre si, e entediados com a rotina do asilo, agora a realidade é outra. “Eles acabam conversando mais uns com os outros, compartilham experiências de vida, relembram os animais de estimação que tiveram, e conseguem sair da rotina”, aponta. Outro aspecto é que eles também se transformam em cuidadores: os pesquisadores instalaram um aquário na instituição para que eles tomassem conta dos peixes. “A cada dez dias, aproximadamente, alguns alunos do projeto vão até lá para supervisionar a iniciativa.”

Nesta sexta-feira, sábado e domingo a população da Capital Paulista poderá conhecer mais de perto o projeto de Zooterapia desenvolvido pela professora Maria de Fátima. O trabalho contará com a participação da ONG Zooterapia e ONG ATEAC e será apresentado no 13º Festival do Japão 2010, que acontece no Centro de Exposições Imigrantes (Rodovia dos Imigrantes, Km 1,5, São Paulo).

Extensão com pesquisa

Maria de Fátima salienta que o projeto agrega o tripé ensino / pesquisa / extensão, mas em relação a este último item, destaca o caráter científico com que abordam as atividades no asilo. “Buscamos observar as reações dos idosos, e coletar e anotar essas informações para termos material que poderá ser usado em outras pesquisas”, explica. O grupo é formado por veterinários, enfermeiros, geriatras, fisioterapeutas, psicólogos, etc.

Essa inter-relação entre as áreas do conhecimento, explica a professora, é proporcionada pela zooterapia a partir do fato de que o contato com os animais pode ser analisado sobre diversas áreas. “Ao acariciar um cão, por exemplo, o idoso vai estender a sua mão, ou ainda, ele pode querer passear com o animal e isso pode ser útil na área da fisioterapia. Já um psicólogo pode analisar as reações emocionais do idoso a partir do contato com o animal. Um veterinário pode analisar o comportamento dos animais diante das pessoas do asilo”, conta.

O campus de Pirassununga oferece a disciplina de Zooterapia desde 2000 e  a turma recebe, além de alunos de diversas áreas do conhecimento, idosos participantes do Universidade Aberta à Terceira Idade. “Já fizemos palestras sobre o projeto de Zooterapia em escolas e hospitais e fomos convidados para ministrar cursos em outras universidades em Manaus, Cuiabá, Espírito Santo”, completa.  O próximo curso acontece entre os dias 31 de julho e 1º de agosto, no campus de Pirassununga, que vai sediar a terceira edição do Curso de atividade, educação e terapia assistida por animais. As inscrições estão abertas.

Os pesquisadores também criaram uma horta dentro do asilo, que fica sob os cuidados dos idosos,  e outra dentro do campus de Pirassununga, envolvendo alunos de pré-iniciação científica e da terceira idade, onde são cultivadas hortaliças e plantas medicinais. Com isso há uma interação nas diferentes idades, promovendo um entrosamento e troca de vivencias. “Se antes apenas transmitíamos conhecimento em medicina veterinária, agora nos transformamos em agentes sociais de mudanças”, comemora a professora.