Balanço das vendas de sêmen

12/03/2010 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:27am

O aumento da demanda global por carne bovina nos últimos anos – ainda que 2009 tenha sido um ano mais fraco por causa da crise – e a internacionalização dos frigoríficos estão fazendo com que o Brasil, dono do maior rebanho comercial de gado de corte do mundo, tenha que importar sêmen bovino para atender o crescimento do mercado de genética.

No ano passado, a venda de sêmen bovino em todo o país cresceu 11,7% e totalizou 9,16 milhões de doses. Desse total, 42,2% vieram de outros países. Esse é a maior participação relativa que o produto importado alcança desde 2000, porém, em termos absolutos é o maior volume já comprado pelo Brasil.

De tudo o que foi vendido no ano passado, a parcela destinada à pecuária de corte foi de 56,9%. Os 43,1% restantes foram para a pecuária leiteira. Assim, foram comercializadas no Brasil em 2009 pouco mais de 5,2 milhões de doses para a pecuária de corte, das quais 21,1% foram importadas.

"Há uma redescoberta do cruzamento industrial técnica que cruza o gado zebuíno com o europeu para obtenção das melhores características de cada espécie, com o objetivo de produzir animais para abate no Brasil. Os frigoríficos que condenaram a técnica no passado perceberam o erro e hoje valorizam esses animais, principalmente depois que os grandes grupos foram para o mercado internacional", afirma Lino Rodrigues Filho, presidente da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia).

No Angus e Red Angus, duas raças européias mais presentes no Brasil, foram vendidas no ano passado 1,45 milhão de doses, sendo que 59% foram importadas. Em 2005, a venda das mesmas raças totalizou 503,62 mil doses, sendo que a parcela das importadas foi de apenas 32,9%.

Na pecuária leiteira a situação sempre foi diferente. Historicamente, há um predomínio de sêmen importado para inseminação artificial do rebanho de leite do Brasil. Em 2005, por exemplo, mais da metade (54,2%) do material genético comercializado no país já vinha de outros países. Em 2009, esse percentual chegou a expressivos 70% das 3,94 milhões de doses vendidas para o setor leiteiro nacional.

Mas não foi apenas a mudança nas características do mercado e da baixa disponibilidade de animais no Brasil que levaram a uma importação tão grande. Na opinião de Rodrigues, a crise internacional e a desvalorização do dólar frente ao real foram outros dois fatores que estimularam o aumento das compras de outros países.

Mesmo com uma grande participação de sêmen importado no comércio doméstico, o Brasil quer reforçar sua atuação no mercado externo. Segundo Rodrigues, o Ministério da Agricultura já acertou os últimos detalhes de um protocolo sanitário com a Índia que permitirá a venda e também a compra de material genético entre os dois países. "Há dez dias estive no ministério e o protocolo estava praticamente pronto. A Índia é um mercado que consome 30 milhões de doses por ano e queremos participar dele", disse Rodrigues.