Bactérias

13/04/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:50am

A resistência a antibióticos é tão antiga quanto os mamutes. A frase parece sem nexo por, pelo menos, dois motivos: na época desses animais já extintos, obviamente, não existiam antibióticos. Ela é ainda mais estranha, porém, porque se sabe que as bactérias estão cada vez mais difíceis de morrer devido ao uso excessivo dos medicamentos, uma característica que só surgiu nas últimas décadas do século passado. Mesmo assim, Gerry Wright, diretor científico do Instituto de Pesquisas de Doenças Infecciosas da Universidade de McCaster, no Canadá, gosta de dizer isso. “É uma forma atraente de se afirmar que, ao contrário do que pensamos, a extraordinária capacidade de as bactérias sobreviverem, definitivamente, é milenar”, resume.

Em um esforço para descobrir antibióticos mais eficazes, Wright liderou, com especialistas da Universidade de Akron, uma verdadeira expedição científica à quinta maior caverna do mundo. Em Lechuguilla, no Novo México, os pesquisadores desceram 400m abaixo do deserto e coletaram linhagens de bactérias isoladas do mundo exterior há pelo menos 4 milhões de anos. Sem nunca ter contato com os humanos, elas, teoricamente, seriam alvo fácil de antibióticos. O resultado do estudo, porém, confirma a tese de Wright. A resistência é tão — ou muito mais — antiga quanto os mamutes.