Atleta paraolímpico do DF adota cadela deficiente para treinar

11/03/2014 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:57am

O atleta paraolímpico Marcondes do Nascimento, de 39 anos, adotou há sete meses uma cadela deficiente. Além de cuidar do animal, ele também treina com ela para a próxima competição. A relação entre os dois é bonita e ultrapassa as barreiras do comum, do óbvio. A limitação física entre ambas as partes passa desapercebida e não é considerada um empecilho porque, segundo Nascimento, existe amor.

– A Vicky representa para mim equilíbrio, paz, tranquilidade e amor.

Marcondes nasceu em Recife, Pernambuco, e vive na capital do País há duas décadas. Chegou em Brasília para reconstruir a vida após ser baleado no tórax durante um desentendimento na cidade natal. A lesão foi grave e ele perdeu totalmente o movimento das pernas.

Em Brasília encontrou no esporte, mais precisamente no tiro com arco, uma nova razão para viver. Entre os atletas cadeirantes está entre os melhores do Brasil.

– Eu respiro o tiro com arco hoje porque já sinto o cheiro das Paraolimpíadas no Brasil. É um sonho, estou bucando e treinando todos os dias para realizá-lo.

Nascimento treina pelo menos cinco horas por dia, de segunda a segunda, no conforto do lar mesmo. O atleta vive com a família em uma casa confortável no Setor de Mansões do Lago Norte, área nobre de Brasília, e tira da relação com os animais a grande movitação para vencer.

– Os animais para mim representam família. Gato, cachorro… posso dizer que eles me ajudam no esporte, me trazem paz e me fazem feliz.

Ao todo, Nascimento tem seis cachorros, dois gatos e apoio total dos familiares, mas entre tantos animais ele tem um carinho especial pela cadela Vicky. Ela foi atropelada e vivia na rua. Quem atropelou o animal não prestou nenhum socorro e ela perdeu as patas traseiras.

– Ela me trouxe algo diferente e especial durante nossa convivência. Quando cachorro abana o rabo é sinal de felicidade, mas como ela não tem movimento demonstra os sentimentos de outras formas. O olhar dela é diferente, é de agradecimento e isso me faz ficar ainda mais apaixonado.

A voluntária do projeto Adoção São Francisco, Ana Vieira, disse que Vicky não morreu por pouco e que o resgate aconteceu na hora exata.

– A Vicky chegou até nós através de um pedido de ajuda, porque estava com as patas dilaceradas. Devido ao atropelamento, ela se arrastava e isso foi causando machucados com o tempo. Nós a acolhemos de prontidão e a levamos para o Veterinário e tiveram que amputar as patinhas porque estavam muito debilitadas.

Marcondes e Vicky mantém uma relação que coloca o amor acima de tudo. Não existem olhos para enxergar qualquer tipo de deficiência porque, para eles, deficiente é quem não entende a união e a amizade entre o homem e um animal.