Apiários do RJ registram novos casos de besouro do tipo PBC
21/08/2018 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:41am
A ocorrência de nove casos de Pequeno Besouro das Colmeias (PBC) – Aethina tumida – em apiários do estado do Rio de Janeiro, motivou a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento do Rio de Janeiro (Seappa-RJ) por meio do Serviço Veterinário Oficial (SVO), a emitir Nota Técnica sobre o fato. Dentre outras orientações, o documento reforça que a notificação é obrigatória por parte dos apicultores ao Núcleo de Defesa Agropecuária.
Os nove focos registrados pela Seappa ocorreram em apiários dos municípios de Engenheiro Paulo de Frontin, Nova Iguaçu, Teresópolis e Rio de Janeiro. Entre 2015 e 2016, três municípios de São Paulo já haviam registrado casos de PBC, sem danos à produção das colmeias. A notificação é fundamental para que as autoridades possam agir para impedir ou reduzir a disseminação do PBC.
Nesse cenário, médicos-veterinários desempenham trabalho fundamental, sobretudo, no incentivo e na orientação do apicultor quanto à notificação obrigatória ao SVO em casos de suspeita ou ocorrências de praga/doença em seu apiário ou meliponário. Ainda compete a esses profissionais alertar sobre a importância de manter atualizado o cadastro dos criatórios na Defesa Agropecuária Estadual. “
Também é essencial que médicos-veterinários e zootecnistas que atuam nessa área estimulem os apicultores a aplicar as boas práticas apícolas de manejo e inspeção regular de apiários, bem como os cuidados a serem adotados nas diferentes etapas do processo: colheita, higienização, transporte e comercialização dos produtos.
Segundo a Nota Técnica da Seappa-RJ, nenhuma medida drástica de destruição, como a queima de colmeias, será adotada sem embasamento legal e técnico. E alerta, ainda, que nenhum produto químico possui autorização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para controle de infestação por PBC no Brasil. Pesquisas demonstram que tal procedimento é ineficiente a longo prazo, além de causar contaminação do mel e baixar a imunidade das abelhas.
“O CFMV orienta que todos os envolvidos na cadeia produtiva estudem sobre o fato e estejam atentos, em suas vigilâncias sanitárias, a qualquer suspeita de ocorrência de Aethina tumida”, alerta a médica-veterinária Erivânia Camelo, assessora da presidência do Conselho Federal de Medicina Veterinária.
Sobre o Aethina tumida
No seu ambiente nativo, na África, a reprodução do besouro é mais eficaz em colônias fracas ou estressadas, ou em ninhos recém-abandonados. Em condições favoráveis de clima e suscetibilidade das colmeias, pode causar sérios danos e prejuízos.
Entre as razões do diferente impacto da infestação em diferentes ambientes, se destacam as diferenças de comportamento das subespécies africana e europeia, de técnicas de apicultura utilizadas, características climáticas e a vulnerabilidade a inimigos naturais. A fase larval se alimenta dos ovos, ninhadas, mel e pólen, destruindo os favos e a estrutura da colmeia, causando grande impacto na produção, podendo até levar ao abandono da colônia.
Além disso, devido a leveduras associadas ao besouro, o mel torna-se fermentado após o contato com as larvas e, consequentemente, impróprio para consumo. A fêmea adulta pode viver pelo menos seis meses e, em condições propícias, colocar milhares de ovos. O besouro pode viver na natureza e sobreviver até duas semanas sem comer, e voar até 13 quilômetros de distância de seu ninho, sendo capaz de se dispersar rapidamente e invadir novas colmeias.
A movimentação de colmeias, favos de mel e outros produtos apícolas, assim como o material usado em apicultura, são as formas mais comuns de transmissão da infestação a outras colônias. No Brasil, ainda não se pode estimar a extensão do problema e os danos às colmeias de abelhas africanizadas, que representam a base da nossa apicultura. Por esse motivo, é necessário alertar toda a comunidade apícola sobre a necessidade de notificação imediata da suspeita da ocorrência da Aethina tumida em qualquer tipo de colmeia e providenciar a investigação epidemiológica na região para caracterizar o impacto da praga. A suspeita de infestação pelo besouro deve ser notificada imediatamente ao Serviço Veterinário Oficial, que deve tomar as providências para diagnóstico e estabelecer vigilância e aplicação de medidas apropriadas de prevenção, controle e erradicação.
Assessoria de Comunicação do CFMV
Fontes: Assessoria de Comunicação do CRMV-RJ, com informações da Coordenadoria Estadual de Defesa Sanitária Animal (CDSA), da Secretaria de Defesa Agropecuária/Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento-RJ; Nota Técnica 3/2016 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)