Apelo ambiental

19/04/2010 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:27am

Pesquisadores canadenses criam porcos transgênicos que liberam até 70% menos fósforo em seus dejetos – e dispensam o uso de produtos artificiais na dieta.

O Enviropig foi feito com genes de bactérias e de ratos – mas isso não significa que ele produza carne com características dessas criaturas.

Desenvolvido na Universidade de Guelph, em Ontário, ele já teve sua criação liberada no Canadá – mas ainda aguarda licenças para o consumo da carne no país e também autorizações para produção nos Estados Unidos.

“O fósforo é um elemento fundamental para a regulação do crescimento de algas e bactérias na água”, explica o Professor Emérito Cecil Forsberg, microbiologista responsável pela pesquisa. Segundo ele, em excesso, esse elemento causa um rápido crescimento dessas criaturas e, por conseqüência, a poluição dos recursos hídricos.

O problema é que cerca de 50% a 75% do fósforo em grãos como milho e soja está presente em uma molécula chamada phytate, que não pode ser digerida pelos porcos. “Como resultado, se você der só cereais aos porcos, eles não têm fósforo suficiente, e é preciso adicionar enzimas artificiais em sua alimentação”, diz Forsberg. “Já o porco transgênico precisa comer só cereais, sem adição de fósforo, pois consegue absorver o nutriente do próprio alimento”.

Com o aumento da criação de porcos no mundo, o excesso de fósforo se torna um problema no solo – especialmente em locais como Estados Unidos e China, o país que concentra metade dos suínos do planeta. O Enviropig seria uma proposta não só ambiental, mas econômica, pois libera os fazendeiros da compra de enzimas artificiais para enriquecer a dieta com fósforo.