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05/01/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:24am

De acordo com Miguel Jorge, o saldo da balança comercial ficou em US$ 20,278 bilhões em 2010. As importações também foram recordes e somaram US$ 181,6 bilhões. Ele disse que o superávit é superior às previsões dos analistas. "No início do ano, alguns analistas chegaram a projetar déficit de US$ 11 bilhões", destacou.

Com esse resultado, afirmou Miguel Jorge, a participação do Brasil nas exportações mundiais em 2010 deve atingir 1,3%, maior do que a meta de 1,25% estipulada na política industrial.

Em dezembro, as exportações somaram US$ 20,9 bilhões, com média diária de US$ 909,5 milhões. O resultado é 38,3% maior do que a média registrada em dezembro de 2009.

As importações atingiram US$ 15,5 bilhões no mês passado, com média diária de US$ 676,1 milhões. Em relação a dezembro de 2009, a média aumentou 21%. O superávit em dezembro chegou a US$ 5,3 bilhões.

EXORTAÇÕES DEVEM CRESCER 13% EM 2011

Depois de bater recorde em 2010, as exportações brasileiras devem continuar a crescer este ano, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Segundo estimativa divulgada ontem (03/01/11) pelo ministério, a meta de exportações para 2011 é de US$ 238 bilhões, 13% a mais que os US$ 201,9 bilhões em vendas externas registrados no ano passado.

Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, a trajetória de crescimento nas exportações continuará, apesar do cenário internacional desfavorável, marcado pela queda do dólar e pela crise nos países desenvolvidos.

Na avaliação de Barral, o crescimento dos países emergentes compensará a crise na Europa e nos Estados Unidos. "O crescimento dos países em desenvolvimento vai gerar demandas e, de certa forma, suprir a lenta recuperação da Europa e dos Estados Unidos". Apesar da crise internacional, o ministério acredita que a taxa de crescimento das exportações mundiais em 2010 feche em 9%.

No ano passado, as exportações foram impulsionadas pelas vendas de produtos agrícolas e minerais, cujos preços no mercado internacional subiram no ano passado. O grande destaque foi o minério de ferro, cujo valor exportado aumentou 117% em 2010; seguido do petróleo, com alta de 76%.

Em 2010, as vendas de produtos básicos subiram 44%, contra expansão de 37,1% em bens semimanufaturados e de 17,7% nos itens manufaturados. Como cresceram em ritmo mais intenso que os outros tipos de produtos, as commodities (minérios e produtos agrícolas com cotação internacional) aumentaram a participação no total das exportações brasileiras. De 40,5% em 2009, as exportações de produtos básicos saltaram para 44,6%. Em contrapartida, a participação dos bens manufaturados caiu de 44% para 39%. A fatia dos bens semimanufaturados ficou praticamente estável, passando de 13,4% para 14%.

Barral afirmou que a indústria brasileira ainda não está ameaçada, mas admitiu que o governo está atento ao aumento da participação das commodities na pauta de exportações brasileira. "Essa preocupação existe e foi admitida pelo ministro [Fernando Pimentel, do Desenvolvimento] que tomou posse hoje [ontem]", ressaltou o secretário. "É importante observar que, em todos os tipos de produtos, as vendas externas cresceram em termos absolutos."

Em relação às importações, que também bateram recorde em 2010, o secretário afirmou que refletiram a expansão da economia e a ampliação da renda e do emprego. As importações continuam sustentadas pela compra de matéria-prima e de bens de capital [máquinas e equipamentos], mas o maior crescimento foi registrado em bens de consumo duráveis, cujas importações aumentaram 59,3% em 2010.

GUERRA CAMBIAL E JUROS SÃO GRANDES DESAFIOS

O combate à guerra cambial, a redução das taxas de juros, a elevação dos investimentos em infraestrutura e a diminuição da carga tributária são os principais gargalos que o Brasil terá de superar para ampliar as exportações e se desenvolver. Os desafios foram apontados pelo novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, que assumiu o cargo no final da manhã de ontem (03/01/11).

Para Pimentel, o país precisa investir em inovação e continuar a melhorar a competitividade para se desenvolver. "A indústria, para se desenvolver mesmo no Brasil, precisa ser competitiva internacionalmente. Inovação, internacionalização, investimentos, parcerias, todos são ingredientes do país que almejamos", disse o novo ministro.

Na avaliação do ministro, a queda dos juros depende da contenção dos gastos públicos, medida prometida pela presidenta Dilma Rousseff. "As taxas de juros ainda não estão em níveis desejáveis e sua necessária redução exigirá um esforço de disciplina fiscal – uma tarefa de delicada engenharia econômica e política", comentou Pimentel no discurso de posse.

Ele afirmou ainda que o Brasil buscará a conclusão da Rodada Doha e exercerá papel central na retomada das negociações comerciais na Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo Pimentel, o país não hesitará em fazer uso de mecanismos de defesa comercial, quando forem cabíveis.

No discurso de despedida, o ex-ministro Miguel Jorge destacou a elaboração da política industrial, lançada em 2008, como uma das grandes conquistas de sua gestão. "A PDP [Política de Desenvolvimento Produtivo] resgatou a capacidade de o Estado operar ações e instrumentos para coordenar o desenvolvimento", afirmou.

Segundo Miguel Jorge, das 425 medidas da política industrial, 99% estão em operação. Ele, no entanto, admitiu que somente uma das quatro metas foi cumprida: a de elevar a participação das exportações brasileiras para 1,25% das exportações mundiais. Em 2009, disse ele, a participação atingiu 1,26% e deve fechar 2010 em 1,3%.

O ex-ministro ressaltou ainda a agilidade dos processos de defesa comercial. De acordo com ele, a média das investigações dos processos antidumping caiu de cerca de três anos, em 2003, para dez meses. "O Brasil só ficou atrás da Índia na abertura de processos de investigação comercial", declarou. Na gestão dele, o Brasil abriu 97 processos, dos quais 62 resultaram em aplicação de medidas de defesa comercial.

Miguel Jorge ressaltou ainda que, no período em que esteve à frente da pasta, o Brasil bateu recorde de exportações, que fecharam 2010 em US$ 201,9 bilhões, o maior nível da história. O ex-ministro relembrou as 21 missões empresariais realizadas nos últimos quatro anos, cada uma com cerca de 100 empresários. "Essas missões ajudaram o Brasil a ampliar o comércio com países fora das economias centrais."

O ex-presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) Alessandro Teixeira também tomou posse como novo secretário executivo do ministério. Ele sucede Ivan Ramalho, que ocupou o cargo nos últimos quatro anos.

PIMENTEL PROMETE DESONERAR SETORES QUE MAIS SOFREM COM DÓLAR BARATO

Para enfrentar o dólar barato, o governo apostará em desonerações e no investimento em pesquisa e inovação, afirmou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, que tomou posse ontem (03/01/11). Segundo ele, o governo agirá de forma diferenciada por setor da economia para combater o câmbio valorizado, que desestimula as exportações.

Na avaliação do novo ministro, cada setor reage de forma distinta à determinada taxa de câmbio. "O câmbio flutuante não funciona como um navio que sobe e desce conforme as ondas, mas como uma porção de patinhos espalhados na mesma onda. Com uma mesma taxa [de câmbio], há setores que reagem bem e mal", comparou.

De acordo com Pimentel, as desonerações setoriais ajudam determinados ramos da economia a superar as dificuldades no curto prazo. "Com uma desoneração, de alguma forma, o peso do patinho é retirado e ele sobe mais rápido", explicou seguindo a metáfora dos patinhos na onda. No longo prazo, ressaltou, somente a melhoria da produtividade é capaz de fazer frente ao dólar barato. "A gente pode pôr um motor no patinho para ele nadar ao investir em competitividade e inovação".

Segundo o ministro, a presidenta Dilma Rousseff exigiu discurso unificado da equipe econômica em relação ao câmbio e aos juros. Dessa forma, as declarações sobre esses temas ficarão centralizadas no ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Sobre a diminuição dos aportes para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Pimentel afirmou que a instituição continuará como o principal instrumento de "alavancagem" do desenvolvimento. Nos últimos dois anos, o banco recebeu cerca de R$ 235 bilhões do Tesouro Nacional e não deve receber mais injeções de recursos, conforme o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou em dezembro de 2010.

Para o ministro do Desenvolvimento, o governo quer estimular a participação do setor privado no financiamento de longo prazo ao interromper a transferência de recursos para o BNDES. "Não podemos ter apenas o Estado assumindo esse papel [de financiador de longo prazo]. O setor privado é pujante e estruturado e tem condições de também empreender essa tarefa", declarou.

O ministro rechaçou o argumento de que o Brasil passa por um processo de desindustrialização por causa do câmbio valorizado. "O conceito de desindustrialização é muito pesado para ser usado neste momento no Brasil. Temos dificuldades setoriais, mas relacionadas à queda do crescimento, não à retração", comentou.

Até agora, a única mudança no segundo escalão do Ministério do Desenvolvimento é a ida de Alessandro Teixeira para a Secretaria Executiva, no lugar de Ivan Ramalho. Os demais secretários, afirmou Pimentel, só serão definidos nas próximas semanas.