A saúde e bem-estar dos peixes ornamentais também depende do trabalho do médico veterinário

09/05/2016 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:48am

Os peixes são a quarta categoria de animais de estimação mais comum no Brasil, atrás apenas de gatos, aves e cães. É o que revela dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em 2015. Para o médico veterinário Pedro Henrique Cardoso, os números poderiam ser ainda maiores se fossem considerados os benefícios que os peixes trazem para saúde e bem-estar dos proprietários.

“Hoje vivemos uma onda em que muitas pessoas estão estressadas por causa do trabalho. Estudos científicos feitos nos Estados Unidos, maior mercado da indústria de aquarismo, comprovam que parar para observar os animais no aquário acalma e diminui alguns sintomas do estresse”, explica.

Cuidados profissionais

O que muitos donos de peixes não sabem, é que há profissionais que trabalham na área da Medicina Veterinária preventiva. O ideal, segundo Cardoso, é que peixes não sejam levados para consultas de rotina, já que isso gera estresse no animal, e sim que o médico veterinário vá até o local onde o animal está para avaliar as possíveis causas de distúrbios.

A procura por um médico veterinário ocorre, principalmente, quando o proprietário dos peixes percebe altas taxas de mortalidade, ausência de apetite, sinais clínicos na pele, nado irregular, entre outros.

Ou seja, os donos desses animais não devem hesitar em procurar um profissional de Medicina Veterinária caso notem alguma alteração física ou comportamental nos peixes.

Medidas preventivas

Mas nem sempre é fácil perceber que há algo de errado com seu peixe ou que ele está sentindo dor. Algumas medidas podem ser tomadas de forma preventiva.

Uma delas é conhecer a qualidade da água do aquário onde o animal vive. “Se a água não estiver dentro dos padrões ideais da espécie, o animal pode não estar tão confortável e os sintomas podem levar alguns dias para aparecer”, explica o médico veterinário Paulo Henrique Cardoso. Hoje há inúmeros testes de qualidade de água no mercado, o que deve ser feito com o auxílio de um profissional capacitado.

A alimentação também deve ser de qualidade. “Os peixes que não têm uma alimentação adequada dificilmente vivem por muito tempo. O proprietário deve alimentar os peixes diariamente com quantidade suficiente para não faltar nutrientes na sua dieta nem alimentar excessivamente e acarretar sobras, que podem gerar queda na qualidade de água”, diz o médico veterinário.

Além disso, o ambiente deve ser confortável. Por isso é importante que o proprietário saiba quais são as características comportamentais de todos os habitantes do aquário, bem como a compatibilidade das espécies que vivem na comunidade, para evitar estresse e possíveis doenças.

O médico veterinário também orienta o proprietário dos peixes sobre a importância da quarentena de animais recém adquiridos e dos riscos a que estão suscetíveis, e da compra de animais apenas em estabelecimentos com serviço especializado, cadastrados no respectivo CRMV.

Os estabelecimentos que importam e comercializam peixes ornamentais devem funcionar, obrigatoriamente, sob a supervisão de um Responsável Técnico. “É necessária a presença do profissional que presta serviços na área já que muitas vezes há doenças graves de caráter zoonótico, como a micobacterisose cutânea, que é de difícil tratamento, além de outras não zoonóticas de notificação obrigatória pela OIE”, explica Pedro Henrique Cardoso.

Atuação profissional

Além de atuar na clínica, o médico veterinário tem outras áreas de atuação envolvendo animais aquáticos. A aquicultura, cultivo de organizamos aquáticos em um espaço confinado e controlado é uma delas. A elaboração de propostas para despertar o interesse dos médicos veterinários pela Aquicultura e contribuir para a capacitação na área tem sido discutida nas reuniões do Grupo de Trabalho do recém-criado GT de Aquicultura do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), instituído em novembro de 2015.

“O médico veterinário devidamente capacitado na parte de doenças de animais aquáticos pode contribuir para diminuir as perdas por enfermidades e contaminação, uma vez que detém todo o conhecimento, adquirido na formação, que levam ao raciocínio em sanidade e não apenas em patologia”, afirma o médico veterinário Eduardo de Azevedo, presidente do GT.

Assessoria de Comunicação do CFMV