Ação

08/02/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:24am

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, defendeu ontem (7) uma nova estratégia de defesa dos interesses da agricultura brasileira no mercado externo. Durante reunião com representantes do Conselho Superior do Agronegócio, órgão consultivo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Rossi defendeu a união do governo federal e do setor privado para rebater a campanha caluniosa contra os produtos agropecuários brasileiros na União Europeia.

Ele disse que uma das tarefas atribuídas pela presidente Dilma Roussef ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é a modernização administrativa e de procedimentos. "Precisamos dar este salto para garantir a competitividade da nossa produção agropecuária, que já é das mais eficientes do mundo", disse. Wagner Rossi declarou que a superação dos gargalos administrativos e burocráticos é um dos desafios, mas há outros que podem ameaçar a potência da agricultura brasileira.

"A carne brasileira enfrenta resistência de segmentos da opinião pública europeia. Alguns consumidores são induzidos ao erro por uma campanha difamatória deflagrada por concorrentes do Brasil. Questões sanitárias, ambientais ou denúncias de abuso de mão de obra são exploradas de maneira equivocada. Chegou a hora de agirmos", disse. Ele lembrou que, no final de dezembro uma organização não-governamental inglesa divulgou um folder atacando a carne e o etanol brasileiros.

Rossi apontou as iniciativas do governo federal e do setor privado em defesa do meio ambiente. Ele citou como exemplo o financiamento de boas práticas agronômicas, promovido pelos programas Agricultura de Baixo Carbono (ABC), Produsa (Programa de Estímulo à Produção Agropecuária Sustentável) e Propflora (Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas). Segundo Rossi, essa é a resposta e o compromisso do governo brasileiro com a sustentabilidade ambiental na produção de alimentos. "O Brasil não apenas está fazendo o dever de casa, como mostrando ao mundo um caminho que alia responsabilidade social e defesa do meio ambiente", disse.

Rossi rebateu ainda as acusações de que a alta dos preços dos alimentos no mercado mundial seja de responsabilidade da agricultura brasileira. Segundo o ministro, são os países desenvolvidos os grandes responsáveis, em razão da concessão de subsídios aos seus produtores. "O Brasil não tem culpa nenhuma do aumento dos preços. Não foi o Brasil que estimulou a especulação financeira nos mercados de commodities agrícolas. Somos eficientes, produzimos com baixo custo e colocamos produtos no mercado a um preço justo", disse.

Competitividade – Durante reunião com representantes do Conselho Superior do Agronegócio, presidido pelo ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, Wagner Rossi tratou da evolução da agricultura brasileira nos últimos 50 anos. Ele lembrou que o país deixou de ser um importador de alimentos nos anos 60 para se tornar uma das mais competitivas nações agrícolas do planeta neste século 21. "Estamos entre os maiores produtores de proteína animal e vegetal do mundo", destacou.

Ele citou números para destacar o aumento de 776% da oferta de grãos. Rossi lembrou que, em 1960, o Brasil tinha população estimada em 70 milhões de habitantes e produziu, naquele ano, 17,2 milhões de toneladas de grãos, numa área pouco superior a 22 milhões de hectares. "A produtividade era de 783 quilos por hectare", apontou. "Em 50 anos, a produtividade no campo saltou para 3.173 quilos por hectare".

O ministro lembrou que, no ano passado, a população brasileira chegou a 190,7 milhões de habitantes e a produção de grãos foi de 150,8 milhões de toneladas, numa área de 47,5 milhões de hectares. "Se o Brasil mantivesse a mesma tecnologia de 1960, teria de ocupar mais 145 milhões de hectares de terra".

Quanto à pecuária nacional, Rossi também fez uma comparação sobre a produção nos últimos 50 anos. Ele destacou que, em 1960, a área de pastagem era de 122,3 milhões de hectares, para um rebanho de 58 milhões de cabeças de gado. "A produtividade era de 0,47 cabeças por hectare", comentou. "Em 2010, a área de pastagem é de 170 milhões de hectares, para um rebanho de 204 milhões de cabeças de bovinos e bubalinos. A produtividade agora é de 1,2 cabeça por hectare".

Segundo o ministro, nas últimas cinco décadas, a área de pastagem cresceu 39%, enquanto o rebanho aumentou 251%. "Se o Brasil mantivesse a mesma tecnologia de 1960, teria de destinar mais 259 milhões de hectares de terra para pastagens", apontou.