Cães

07/02/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:24am

O melhor amigo do homem pode ser um grande inimigo da vida selvagem, é o que mostra uma pesquisa feita por um biologista da Universidade de Utah, que mostra os impactos negativos de cães soltos em outros animais.

Baseado em uma mistura de outras pesquisas prévias e em seus próprios estudos de caso, Julie Young e outros quatro cientistas concluíram que cães selvagens e que vivem soltos podem causar estragos na vida selvagem, principalmente espécies em perigo, que podem virar presas fáceis.

Apesar de amplamente aceita, a tese de que a introdução de espécies não-nativas podem ser prejudiciais para os ecossistemas naturais geralmente não incorpora o cachorro como espécie intrusa.

"Os cães aparecem quando os seres humanos aparecem, mas tendemos a ignorar o seu impacto sobre a vida selvagem principalmente porque pensamos neles como nossos companheiros", disse Young.

Young citou exemplos de Idaho, onde a pesquisa mostrou a presença de cães diminuindo algumas populações de cervos, e em Colorado, onde um estudo mostrou que animais selvagens como linces estão se distanciando de trilhas onde as pessoas caminham com seus cães de estimação. Na reserva Navajo, no Arizona nordeste, matilhas de cães selvagens estão perseguindo gado, dizimando populações de pequenos mamíferos, como coelhos e atuando como um vetor da doença da raiva entre as pessoas e outros animais, disse ela.

A questão chamou a atenção de Young quando ela estudava três espécies ameaçadas de extinção na Ásia Central: carneiro selvagem, gazelas e antílopes. A taxa acentuada de ferimento e morte infligida aos animais por cães soltos fez com que Young e seus colegas olhassem para a situação como fenômeno mundial.

O que eles descobriram é que os cães, estimados em 500 milhões no mundo todo, podem causar mais danos aos animais selvagens e gado do que os lobos e outros predadores.

Apesar das leis contra proprietários de cães que persigam animais selvagens, os infratores são raramente punidos porque as agências de fiscalização têm poucos fiscais e são carentes de verbas. Para Young, a melhor solução é o bom senso dos donos dos animais, que podem treinar seus cães e vaciná-los contra raiva e cinomose.