Desastres reforçam prática da Saúde Única para minimizar impactos e promover o bem-estar

04/11/2024 – Atualizado em 04/11/2024 – 11:21am

Sobrevoo por áreas afetadas pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Tragédias recentes, como as enchentes de maio no Rio Grande do Sul, e de outubro e novembro de 2024 na Espanha, evidenciam a necessidade de adotar uma abordagem integrada para enfrentar desastres ambientais. Em um cenário de desastres, sejam eles naturais ou causadas pelo homem, a aplicação do conceito de Saúde Única — que conecta a saúde humana, animal e ambiental — é indispensável para reduzir os danos e promover uma resposta mais eficiente e sustentável. A reflexão ganha ainda mais força em novembro quando, no dia 3, é celebrado o Dia Mundial da Saúde Única.

Para Wirton Peixoto, médico-veterinário e presidente da Comissão Nacional de Saúde Única do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), o uso do conceito Saúde Única em situações de desastre “ajuda a preservar vidas, controlar surtos e proteger o meio ambiente de forma integrada, pois qualquer impacto em um dos pilares da Saúde Única afeta os demais”.

Peixoto destaca que a cooperação entre médicos-veterinários, zootecnistas e outros profissionais da saúde é essencial. “Sem uma resposta conjunta e sincronizada, as consequências para todos os envolvidos — humanos, animais e o meio ambiente — tendem a ser ainda mais devastadoras”, acrescenta.

Casos recentes demonstram que uma abordagem integrada da Saúde Única é fundamental. Nas enchentes do Rio Grande do Sul, por exemplo, ocorreram contaminações de água e solo, aumentando o risco de doenças infecciosas, como leptospirose e arboviroses, em humanos e animais. De forma semelhante, os desastres em Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, demonstraram como a manipulação ambiental aliada à falta de coordenação entre áreas da saúde agravam o impacto em toda a cadeia ecológica.

Peixoto aponta que a preparação adequada para desastres exige planejamento e ações que considerem Saúde Única em todas as etapas. “A resposta a desastres envolve desde o monitoramento contínuo até a educação e conscientização sobre práticas que minimizem os danos. A segurança sustentável precisa estar alinhada ao compromisso de preservação da saúde pública e da biodiversidade, evitando que esses eventos desencadeiem problemas mais graves e persistentes”, destaca.

A atuação de médicos-veterinários e zootecnistas é necessária para que uma resposta ágil e coordenada seja eficaz. Além dos cuidados com os animais resgatados, eles desempenham um papel fundamental no controle de doenças zoonóticas e na orientação sobre práticas preventivas. Essa contribuição, segundo Peixoto, “é indispensável para que a saúde de todos seja garantida — da sociedade aos ecossistemas que sustentam nossas vidas”.