Saúde Humana
Saúde Animal
Saúde Ambiental
Saúde Única
Uma visão que conecta a saúde humana, animal e ambiental.
Médicos-veterinários e zootecnistas atuam na sustentabilidade e na produção animal, protegendo nosso bem-estar.
Diversas doenças infecciosas vêm de animais e os profissionais trabalham para prevenir essas ameaças. No meio ambiente cada atitude conta. A preservação dos recursos naturais é indispensável.
Eles promovem a Saúde Única
Desastres reforçam prática da Saúde Única para minimizar impactos e promover o bem-estar
Tragédias recentes, como as enchentes de maio no Rio Grande do Sul, e de outubro e novembro de 2024 na Espanha, evidenciam a necessidade de adotar uma abordagem integrada para enfrentar desastres ambientais. Em um cenário de desastres, sejam eles naturais ou causadas pelo homem, a aplicação do conceito de Saúde Única — que conecta a saúde humana, animal e ambiental — é indispensável para reduzir os danos e promover uma resposta mais eficiente e sustentável. A reflexão ganha ainda mais força em novembro quando, no dia 3, é celebrado o Dia Mundial da Saúde Única.
Para Wirton Peixoto, médico-veterinário e presidente da Comissão Nacional de Saúde Única do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), o uso do conceito Saúde Única em situações de desastre “ajuda a preservar vidas, controlar surtos e proteger o meio ambiente de forma integrada, pois qualquer impacto em um dos pilares da Saúde Única afeta os demais”.
Peixoto destaca que a cooperação entre médicos-veterinários, zootecnistas e outros profissionais da saúde é essencial. “Sem uma resposta conjunta e sincronizada, as consequências para todos os envolvidos — humanos, animais e o meio ambiente — tendem a ser ainda mais devastadoras”, acrescenta.
Casos recentes demonstram que uma abordagem integrada da Saúde Única é fundamental. Nas enchentes do Rio Grande do Sul, por exemplo, ocorreram contaminações de água e solo, aumentando o risco de doenças infecciosas, como leptospirose e arboviroses, em humanos e animais. De forma semelhante, os desastres em Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, demonstraram como a manipulação ambiental aliada à falta de coordenação entre áreas da saúde agravam o impacto em toda a cadeia ecológica.
Peixoto aponta que a preparação adequada para desastres exige planejamento e ações que considerem Saúde Única em todas as etapas. “A resposta a desastres envolve desde o monitoramento contínuo até a educação e conscientização sobre práticas que minimizem os danos. A segurança sustentável precisa estar alinhada ao compromisso de preservação da saúde pública e da biodiversidade, evitando que esses eventos desencadeiem problemas mais graves e persistentes”, destaca.
A atuação de médicos-veterinários e zootecnistas é necessária para que uma resposta ágil e coordenada seja eficaz. Além dos cuidados com os animais resgatados, eles desempenham um papel fundamental no controle de doenças zoonóticas e na orientação sobre práticas preventivas. Essa contribuição, segundo Peixoto, “é indispensável para que a saúde de todos seja garantida — da sociedade aos ecossistemas que sustentam nossas vidas”.
EDUCAÇÃO E CAPACITAÇÃO INTERSETORIAL NO CONTEXTO DE “UMA SÓ SAÚDE”
Raphaella Barbosa Meirelles Bartoli (CRMV-GO 5251)
Membro da Comissão Nacional de Saúde Única do CFMV
Um dos primeiros passos é a capacitação intersetorial de equipes multiprofissionais. Existe uma infinidade de profissões, que de algum modo, podem contribuir para a “Saúde Única”. Essas equipes podem desenvolver currículos educativos em saúde pública incluindo noções de interdependência entre os setores que abordem a prevenção de doenças zoonóticas, o manejo responsável de animais, a segurança alimentar, o uso sustentável de recursos, conservação ambiental, entre outros assuntos nesta esfera integrada.
Implementar políticas públicas que integrem os diversos setores pode resultar em respostas eficazes a emergências de saúde pública. A interação entre diferentes áreas com diferentes profissionais, cada um colaborando com sua expertise, é capaz de desenvolver estratégias mais assertivas para uma abordagem holística dos problemas de saúde, tais como de prevenção e controle de zoonoses, campanhas de vacinação em massa e monitoramento de surtos. Além disso, o compartilhamento de dados entre os setores de saúde pode aprimorar a detecção precoce de doenças, permitindo intervenções mais rápidas, como por exemplo, os sistemas de notificação de doenças humanas ou de animais.
A educação e a capacitação intersetorial são pilares fundamentais para a promoção da saúde integral. Investir em programas que correlacionem a saúde animal, a humana, a vegetal e a ambiental fortalece a resposta a crises de saúde, promove uma cultura de prevenção e respeito à interdependência dos ecossistemas. A colaboração efetiva entre médicos veterinários e outros profissionais de saúde pode resultar em uma resposta mais ágil e eficiente a crises sanitárias, contribuindo para um futuro mais saudável e sustentável para todos e para nosso planeta.