Condições de trabalho interditam frigorífico

20/02/2014 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:57am

Para garantir que as novas regras sobre as condições de trabalho em frigoríficos estabelecidas pela norma regulamentadora 36 no ano passado sejam cumpridas à risca, o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) montaram uma força-tarefa no início deste ano. De lá para cá, o grupo vem intensificando inspeções em unidades gaúchas.

É desse trabalho que resultou, ontem, a interdição de alguns setores da unidade de Montenegro da JBS – cujo abate médio diário é de cerca de 1 milhão de unidades, segundo a empresa. O setor de descarregamento de frango e as máquinas da área de embutidos estão na lista das interdições por apresentarem riscos ao trabalho – como a possibilidade de choque elétrico e amputação/esmagamento de membros.

Apesar da interdição ser parcial, como contempla partes essenciais ao processamento, deve comprometer o trabalho no frigorífico, com impacto na produção gaúcha de Aves.

Segundo Mauro Marques Müller, auditor fiscal do trabalho e coordenador do Projeto Frigoríficos do MTE, também foi verificado ritmo de trabalho intenso em alguns setores, o que vem causando o adoecimento de funcionários da unidade.

– É o momento de parar a empresa para que resolva os problemas, que são críticos – diz Müller.

Em nota, a JBS, gigante mundial do setor de proteína animal, afirmou que já estava tomando medidas e ainda ontem entraria com um pedido para desinterditar algumas áreas da unidade. Novas ações devem ser implementadas hoje e amanhã para que a planta "esteja 100% liberada até o domingo".

A unidade é a segunda a ser parcialmente interditada neste ano. Em janeiro, a planta da Minuano em Passo Fundo também teve setores paralisados. Uma semana depois, com os ajustes feitos, os abates foram retomados.

Preocupação sobre as lavouras

A queda de folhas de soja em lavouras do Noroeste está deixando produtores gaúchos receosos quanto a possíveis perdas na safra. Os danos na planta teriam sido identificados após a aplicação do fungicida Fox, da Bayer, conforme relato de agricultores de Santo Ângelo, Ijuí, Santo Augusto, Entre-Ijuís, Catuípe e Chapada.

– Com folhas secas, os pés estão morrendo por desidratação. Não sabemos ao certo a causa, se foi o calor excessivo após a aplicação ou uma reação da planta ao produto. Mas nas áreas onde o fungicida não foi aplicado, não ocorreu isso – conta Arthur Bittencourt, produtor em Entre-Ijuís.

Só na propriedade dele, o problema foi identificado em 290 hectares. Conforme Gilberto Bortolini, assistente técnico da Emater na regional de Ijuí, a mesma situação é verificada em outras lavouras da região.

– O produto prevê adição de óleo e o rótulo recomenda a aplicação em dias com temperatura de até 30ºC. A aplicação com calor excessivo, aliada à umidade, pode ter causado a queima das folhas – aponta.

Em nota, a Bayer informou que estudos conduzidos pela empresa indicam que o aspecto amarelado das folhas não impacta na produtividade das lavouras. Para os agricultores que quiserem assistência e orientação sobre a questão, coloca à disposição uma linha direta, pelo telefone 0800-011-5560.

Em janeiro, as exportações brasileiras de frango somaram 299,7 mil toneladas, segundo a União Brasileira de Avicultura, alta de 3,2%. Em receita, houve queda de 4,4%, somando US$ 565,7 milhões.

Decisão sobre milho transgênico adiada

Pedido de vista ao processo adiou decisão sobre a ação civil pública que tenta anular resolução normativa da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) referente ao cultivo de milho transgênico. A regra traz as distâncias mínimas para evitar a contaminação de lavouras convencionais.

O recurso foi julgado ontem pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região. A relatora, desembargadora Marga Inge Barth Tessler, manteve a decisão em primeira instância, contrária à ação, assim como o desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz. Mas a desembargadora Vivian Josete Pantaleão Caminha solicitou vista ao processo antes de tomar uma decisão.

A ação é movida pelas entidades Terra de Direitos, Assessoria de Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa, Associação Nacional de Pequenos Consumidores e Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor.

Hoje, na 24ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, em Mostardas, representante da Agência Nacional de Vigilância Sanitária participa do debate que destaca os resultados do grão no Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos. Em 2012, de 261 amostras, só duas foram insatisfatórias, nenhuma no Estado.

Colaborou Joana Colussi