Inflação reduz consumo de frango em 2013

17/01/2014 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:00am

O brasileiro comeu menos carne de frango em 2013. O consumo per capita caiu de 45 quilos por habitante em 2012 para 41,8 quilos no ano passado, segundo a Ubabef (associação do setor).

A inflação de alimentos e o alto nível de endividamento das famílias explicam a retração de 7%, diz Francisco Turra, presidente da Ubabef.

O comportamento foi o oposto do historicamente visto em períodos de queda no poder de compra, quando o consumo tende a migrar das carnes mais caras para as mais baratas. Como o frango é a proteína de menor preço, normalmente é favorecido.

Não foi o que aconteceu em 2013: o consumo de carne bovina e suína permaneceu quase estável, mas o de frango teve queda expressiva.

Para Turra, o frango foi mais afetado por ter maior abrangência –é a carne mais consumida no país. Além disso, está mais presente nas classes de baixa renda, cujo orçamento sofre mais com a inflação de alimentos.

A retração no consumo interno contribuiu para a queda de 2,6% na produção brasileira de carne de frango, também influenciada por ajustes na troca de comando das principais empresas do setor: BRF, JBS e Marfrig.

O volume de produção também continuou sofrendo os efeitos da crise de 2012 no mercado externo. Para reduzir estoques e ajustar a oferta à demanda, houve contenção no número de alojamento de matrizes, que caiu 0,8%.

A estratégia foi bem-sucedida. Apesar de as exportações de carne de frango terem caído 0,7% em volume, a receita subiu 3,4% no ano passado, para US$ 7,9 bilhões.

Mas, se em 2013 o destaque de rentabilidade ficou com as exportações, neste ano a maior contribuição deve vir do mercado doméstico. O setor acredita em recuperação do consumo per capita para o nível de 2012, contribuindo para um aumento da produção entre 3% e 4%.

Além de uma trégua da inflação, as indústrias apostam no aumento do fluxo de turistas com a Copa do Mundo para elevar a demanda.

"O mercado externo vai disputar com o interno", diz Ricardo Santin, diretor da Ubabef. Essa competição, acrescenta, pode elevar os preços de exportação. Em volume, os embarques devem crescer entre 2% e 2,5% em 2014, estima a associação.