MUNDO

08/04/2013 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:00am

Os produtores de gado do mundo todo têm controle sobre alguns dos fatores que determinam se vão permanecer no negócio ou não. Porém, eles não tem nenhum controle sobre o clima. E, muito frequentemente na última década, tiveram que enfrentar uma batalha severa por causa de secas históricas, os efeitos foram devastadores em alguns países.
Ainda, o flagelo da seca continua em vários dos principais produtores de carne bovina do mundo, notavelmente Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia. O resultado é que o número de gado globalmente tem se mantido estável nos últimos cinco anos e continua declinando nos Estados Unidos, o maior país produtor de carne bovina.

A Nova Zelândia está enfrentando a pior seca em 70 anos, forçando milhares de vacas adicionais ao abate no primeiro trimestre. Os abates totais de gado ficaram em média 52% acima dos níveis do ano anterior e isso antes da estação normal de abates em abril e maio. O resultado foi uma maior produção e um forte aumento nas exportações no primeiro trimestre, especialmente para Estados Unidos e China.

Esse ano, a seca também impactou regiões da Austrália, como Queensland, sul de New South Wales, Victoria e South Austrália. Os pecuaristas foram forçados a acelerar suas taxas de abates, conforme visto pelos números enormes de animais chegando ao mercado e em plantas de processamento. Isso impactou negativamente os preços do gado.

O Meat and Livestock Australia (MLA) reportou que nos primeiros três meses do ano, o gado foi comercializado nacionalmente a uma média de A$ 3,32 (US$ 3,47) por quilo, 14% a menos que no primeiro trimestre de 2012 e 5% a menos que a média do primeiro trimestre dos últimos cinco anos.

Similarmente, os novilhos pesados tiveram um preço médio 5% menor com relação ao ano anterior, de A$ 3,14 (US$ 3,28) por quilo, enquanto as vacas também tiveram queda de 12% com relação ao ano anterior, ficando em média A$ 2,61 (US$ 2,73) por quilo. Os impactos dos números totais de gado da Austrália provavelmente não serão sentidos até o final desse ano, mas é provável que o Rebanho total não aumente como previsto anteriormente.

A seca nos Estados Unidos forçou uma redução significante nos números de gado e está levando a ajustes nas capacidades de confinamentos e de processamento de carne, ou seja, está levando a fechamentos. O atual ciclo de seca começou em 2010, no Texas, que tem mais de duas vezes a quantidade de gado de corte de qualquer outro estado. A vizinha Oklahoma, então o quarto maior estado produtor de gado de corte, também foi afetada. O resultado foi que esses dois estados perderam 948.000 bovinos de corte em 2011, muitos dos quais foram para abate.

A seca diminuiu somente um pouco nesses estados em 2012 e migrou para o norte, afetando os estados das Grandes Planícies. Isso significa que a seca severa a extrema alcançou os cinco principais estados produtores de carne bovina dos Estados Unidos. O resultado foi que os números de gado de corte declinaram em 872.000 cabeças em 2012 em Texas, Oklahoma, Kansas, Missouri e Nebraska.

Isso significa que o Rebanho bovino dos Estados Unidos perdeu 1,654 milhões de cabeças em 2011 e 2012. Como consequência, a safra de bezerros de 2011 declinou 382.000 cabeças com relação a 2010 e mais 1,034 milhão em 2012. Então, o Rebanho bovino total dos Estados Unidos, incluindo os animais leiteiros, caíram para seu menor nível desde 1952.

Ao mesmo tempo, a seca catastrófica no norte do México fez com que mais de 2,8 milhões de novilhos, incluindo novilhas de cria, fossem aos Estados Unidos em 2011 e 2012. As condições melhoraram nesse ano e os números de gado mexicano que foram aos Estados Unidos também caiu, de forma que somente 700.000 gados podem ter cruzado a fronteira nesse ano. Isso também está colocando mais pressão nas operações de engorda de gado e nas plantas de processamento de carne bovina nas Planícies do Sul.

Os menores números de gado em ambos os lados da fronteira já forçou o fechamento de duas plantas de carne bovina. A Cargill, que até agora tinha a maior capacidade de abate dos Estados Unidos, inativou sua planta em Plainview, Texas, em fevereiro e demitiu 2.000 funcionários. Essa planta tem capacidade diária de 4.640 cabeças, de forma que a mudança levou a capacidade de processamento da região a se ajustar à oferta.

Porém, isso não vai durar muito tempo, já que a região tinha 475.000 menos gado em engorda em março do que no ano anterior e poderia comercializar 950.000 menos gado nesse ano. O grande declínio no número de bovinos forçou o processador do Texas, San Angelo Packing, a fechar suas portas em 25 de março. Esse podia processar 700 cabeças por dia, mas tinha sido forçado a reduzir seus abates para 350-400 por dia.

A seca continua afetando as principais regiões produtoras de gado dos Estados Unidos. A última previsão feita pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) sugere que a seca continuará nesses estados. Isso sugere maior liquidação em 2013 e nenhuma retenção líquida de novilhas ou reconstrução de rebanhos. Probabilidades a favor de temperaturas acima da média para grande parte das regiões afetadas pela seca na América e nessa primavera oferecerão pouco alívio para a seca nas áreas mais afetadas do Texas, Sudoeste e Grandes Planícies.

Em 21 de março, 51% dos Estados Unidos continental estava em seca moderada ou excepcional. Isso é uma melhora com relação ao ano passado, quando dois terços da nação estava sob seca moderada pelo menos, mas há pouco conforto para milhares de produtores que estão tentando manter seus rebanhos intactos.