PESQUISA

18/03/2013 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:05am

O cientista brasileiro Beny Schmidt encarou uma aventura até a Antártida para realizar biópsias em pinguins. O objetivo foi coletar material para poder realizar estudos que ajudem na compreensão do funcionamento da temperatura do corpo humano.

Chefe do Laboratório de Patologia Neuromuscular da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Schmidt embarcou para o continente gelado no último dia 3 – ele ficou cinco dias no local. Para a missão, o patologista neuromuscular contou com a ajuda da FAB (Força Aérea Brasileira) e da Marinha.

"O acesso até a Antártida é bem complicado. A viagem foi feita em avião comercial, em aviões da FAB e parte pela Marinha do Brasil. Foi a primeira vez que fui fazer uma pesquisa de campo deste porte e me surpreendi com o valor da Marinha brasileira", declarou o cientista.

Sobre sua pesquisa, Schmidt explicou que o principal fator da causa de morte nos atletas não é o infarto do miocárdio, como muitos pensam. "Trata-se da hipertermia, que é a elevação da temperatura do corpo a níveis que podem afetar o metabolismo. Nosso objetivo é evitar a morte de atletas de esportes que exigem muito do corpo, como os maratonistas".

O cientista afirmou que decidiu optar por estudar os pinguins
devido à capacidade de resistir às diversas temperaturas. "São Aves maravilhosas. Um pombo vive um ano. Já os pinguins vivem mais de 40 anos. Algumas espécies podem sobreviver tanto a mais de 30 graus Celsius, como a menos de 50 graus".

Schmidt desembarcou na base chilena na Antártida – a brasileira está em reconstrução após o incêndio ocorrido no último ano. Ele teve o apoio de uma equipe da Marinha brasileira. "Fizemos coleta de sangue em cinco pinguins, nessa primeira fase. Faremos análises necessárias para analisar as atividades mitocondriais dessas Aves".

O cientista explicou que busca entender a função das mitocôndrias no controle da temperatura no corpo. "Esse sistema que regula o controle da temperatura do corpo está ligado à própria longevidade dessas Aves. Além dos benefícios para a pesquisa, também daremos um passo no caminho da ciência que estuda o envelhecimento e a longevidade".

Schmidt afirmou que ficou grandemente agradecido pelo apoio recebido da Marinha. "Fica a mensagem para os brasileiros. Realmente eu volto orgulhoso dessa jornada. A Marinha mostrou que é um lugar de gente trabalhadora e que deveria servir de exemplo para outras classes sociais do País." No vídeo abaixo, feito pelo filho do pesquisador, Marco Schmidt, é possível ver mais detalhes da viagem.

Para o estudioso, a experiência de ter visitado a Antártida ficará na memória. "As imagens são lindas. É um local de difícil sobrevivência. Eu senti que estava invadindo um ecossistema que não me pertencia. Isso mostra o valor do nosso trabalho. Tive a oportunidade de conhecer um continente que não foi invadido pelo homem", explicou.