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28/01/2013 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:05am

Jacarés-de-papo-amarelo e capivaras viraram alvos da ação ilegal de caçadores no Complexo Lagunar de Jacarepaguá, uma área de 280 quilômetros quadrados, composta pelas lagoas da Tijuca, Camorim, Jacarepaguá e Marapendi, localizada entre os bairros de Jacarepaguá, Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes. Feita à noite, a caça clandestina desses animais acontece com auxílio de armadilhas e até mesmo armas de fogo.

Os métodos cruéis empregados pelos caçadores deixam rastros, como atesta o biólogo Mário Moscatelli, que, no ano passado, encontrou carcaças de seis jacarés e oito capivaras às margens das lagoas. Segundo ele, todas apresentavam perfurações provocadas por tiros. O biólogo acredita que esses animais, mesmo feridos, conseguiram escapar dos caçadores, mas morreram em decorrência dos ferimentos.

Para Moscatelli, a ação dos caçadores é mais frequente nas lagoas da Tijuca e do Camorim, principalmente nos trechos próximos a comunidades carentes. O biólogo acredita, contudo, que a caça clandestina não tem qualquer relação com subsistência:

– Esse tipo de caça está mais para safari urbano, o que é lamentável – diz Moscatelli.
O biólogo e Veterinário Jeferson Pires diz que os caçadores têm interesse na carne desses animais, mas também não acredita que a prática esteja ligada à subsistência. Coordenador do Centro de Recuperação de Fauna de Animais silvestres da Faculdade de Veterinária da Estácio de Sá, em Vargem Pequena, ele diz que os jacarés, as capivaras e as pacas são as principais presas.

Pires conta já ter tratado de um jacaré, de 1,5 metro, ferido na cabeça com um tiro de revólver calibre 38. O réptil foi encontrado na Praia de Abricó e chegou a ser submetido a uma cirurgia para a retirada do projetil, que causou uma lesão irreversível. Foi preciso sacrificar o animal. O biólogo e Veterinário ressalta que é mais comum encontrar jacarés feridos presos em armadilhas.

A promotora Christiane Monnerat, da Promotoria de Meio Ambiente e Defesa dos Animais do Ministério Público estadual, diz que vai instaurar procedimento para investigar a ação dos caçadores. Ela lembra que, em novembro do ano passado, recebeu por meio de sua página no Facebook fotos de uma capivara ferida, aparentemente com um tiro.