FRANGOS
16/01/2013 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:05am
O segmento de Aves registrou, no ano passado, a primeira queda de produção em mais de dez anos. O volume produzido, de 12,64 milhões de toneladas, foi 3,17% menor do que o de 2011, levando empresas a cortar custos.
O principal motivo da baixa é a disparada de preço das commodities agrícolas – soja e milho -, que aqueceram o valor da ração animal. Representantes do mercado vêm orientando a indústria a investir na qualidade da carne exportada, a fim de se recuperar margens perdidas em 2012.
Proprietário da Frangos Canção e de outras três marcas no Paraná, o grupo GTFoods teve perda de 2% no resultado financeiro de 2012, em função de um aumento de 25% no custo de produção. "Os insumos subiram demais", justificou o diretor-executivo da empresa, que abate 410 mil animais por dia, Ciliomar Tortola.
O preço do quilo vivo da ave subiu de R$ 1,60 para R$ 2,15 nos últimos doze meses, calcula o executivo – por trás disso, a cotação do farelo de soja, que vai na ração, saltou de R$ 600, em 2010, para R$ 1.380 por tonelada, conta a União Brasileira de Avicultura (Ubabef).
Para contornar os novos patamares de custo, o GTFoods investiu R$ 20 milhões na unidade da Canção em Maringá (PR), onde a companhia corta 155 mil cabeças. Uma das aquisições foi a máquina de cortes automáticos, que permitirá a transferência de trabalhadores à estação de desossa.
O objetivo da empresa com isso, além de cortar gastos com processos industriais, é produzir carne com maior valor agregado, segundo Tortola. "Há um necessidade [por valorizar os cortes], em virtude dos custos, não só no Brasil mas também no mundo", disse o empresário.
Na manhã de ontem, em São Paulo, o presidente da Ubabef e, portanto, representante nacional do mercado de frangos, Francisco Turra, disse que o segmento pretende, neste ano, recuperar 3% da produção perdida, por meio de incremento nas exportações. "Neste ano, queremos melhorar a qualidade da exportação de carne de frango, com embarques de mais valor agregado", declarou Turra. "Estamos apostando um pouco mais no mercado externo do que no interno", disse depois.
Em 2012, os embarques da Avicultura brasileira (carnes de frango, peru, pato, ganso e outras, além de ovos e material genético) totalizaram US$ 8,3 bilhões, com redução de 5,5% em relação a 2011. Em volume, as exportações de Aves somaram 4,1 milhões de toneladas, um aumento de 0,5%, de acordo com a Ubabef.
O Brasil manteve a posição de maior exportador mundial e de terceiro maior produtor.
"Crise histórica"
"A Avicultura brasileira enfrentou em 2012 a maior crise de sua história. E as consequências só não foram mais acentuadas porque estamos falando de um setor muito sólido", declarou Turra na sede da Ubabef.
O representante não acredita que os preços da soja e do milho possam esfriar neste ano, após terem galgado patamares recordes em 2012, quando das quebras das safras sul e norte-americanas e as consequentes incertezas quanto à disponibilidade desses grãos no mercado mundial.
E a Ubabef prevê que, sem um crescimento maior da economia, não há perspectiva para um aumento expressivo do consumo da carne de frango