EXPORTAÇÕES

07/01/2013 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:05am

Desde dezembro, a car­ne brasileira vem so­frendo sérios problemas de embargos na exportação por causa do risco de contaminação pelo Mal da Vaca Louca, quando o Governo brasileiro confirmou a ocorrência de um caso "não clássico" da doença no Paraná.

Por causa disso, até a última sexta-feira dez países já haviam suspendido a compra: Japão, África do Sul, Coreia do Sul, Taiwan, China, Peru, Líbano, Arábia Saudita, Chile e Jordânia. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), essas barreiras já afetaram 4,4% das exportações de carne bovina.

Para o coordenador estadual do Programa de Controle da Raiva dos Herbívoros e de outras Encefalopatias da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro), Aurélio Galindo, a medida de embargo desses países está relacionada à falta de conhecimento. "O animal que apresentou a doença nunca comeu ração, era alimentado com capim.
Além disso, geralmente, o Mal se desenvolve no animal que tem, em média, oito anos. Este do Paraná tinha 13 anos", explica.

Como este foi o primeiro registro no País, o Governo defende que o caso foi isolado e não chegou a ser suficiente para alterar a classificação de risco da carne brasileira.
Portanto, a decisão de restringir as importações é vista como uma medida protecionista pelo Brasil. "Isso é uma questão de mercado e negociação comercial. Até porque os países que deixaram de comprar não são os grandes compradores. Os países europeus é que são", opina Galindo.

A ministra interina do MDIC, Tatiana Prazeres, chegou a dizer que o Governo não descarta abrir um contencioso na Organização Mundial do Comércio (OMC) para questionar as barreiras impostas à venda de carne bovina brasileira. "Se não há respaldo nas regras internacionais, que definem os parâmetros sanitários para essa comercialização de carne bovina, essas barreiras são injustificáveis e incompatíveis com as normas da OMC e o Governo avalia quais medidas irá tomar", reverbera.

Esta é a segunda ameaça do Governo de ir ao Organismo de Solução de Controvérsias da OMC para garantir o acesso a mercado do produto brasileiro.
No mês passado, o secretário de defesa agropecuária, Ênio Marques, fixou prazo até março para que todos os países retirem os embargos contra a carne bovina. Por enquanto, o Ministério da Agricultura tem feito um trabalho de esclarecimento aos países que impuseram restrições comerciais, mas a preocupação já foi manifestada na OMC. Se até março as consultas bilaterais não surtirem efeito, o Brasil vai apresentar uma reclamação formal no Organismo Multilateral de Comércio.

Em Pernambuco não há exportação de carne, tendo em vista que a capacidade de produção ainda é pequena. Segundo levantamento da Adagro, o Estado só produz 20% da carne que consome. Os outros 80% vêm de outros estados, principalmente de Tocantins e Goiás.