LEITE

07/01/2013 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:05am

A pecuária leiteira não guardará recordações tão boas de 2012.
Os preços pagos ao produtor permaneceram sob pressão, em torno de R$ 0,80 por litro na média nacional, e os custos de produção subiram mais de 20%, conforme o Cepea/Esalq, especialmente em razão da disparada dos preços de milho e farelo de soja, usados na ração dos animais.

Nesse contexto, diz Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil, associação nacional que representa os pecuaristas, há poucos motivos para comemorações. "O ano foi marcado por preços que não conseguiram acompanhar os custos de produção".

O segmento também enfrentou uma entressafra prolongada por conta da estiagem que afetou a recuperação das pastagens e segue a agoniar pequenos pecuaristas do Nordeste, que encaram desde meados de 2012 o desafio de manter seus rebanhos.

Mesmo com os percalços, a pecuária leiteira estima ter produzido no ano passado de 3% a 4% a mais que em 2011, ou cerca de 32,5 bilhões de litros.

Segundo Jéssyca Guerra, da Scot Consultoria, a alta reflete sobretudo o desempenho dos Estados do Sul a partir do terceiro trimestre, decorrente de chuvas mais intensas e da suplementação do Rebanho com o milho que não pode ser comercializado por conta da má qualidade derivada da seca. Conforme estudo do Rabobank, a previsão para o segmento no Brasil neste ano é de crescimento de 1,5% da produção só no primeiro semestre.

Uma recuperação também começa a ser sentida pelas indústrias de leite longa vida (UHT), que passaram por um aperto em seus estoques no início do segundo semestre de 2012 – considerados os mais baixos no prazo de um ano.
Em setembro, os laticínios contabilizavam 100 milhões de litros (equivalentes a sete dias de produção), enquanto no mesmo período de 2011 havia 300 milhões (17 dias de produção).

Segundo Laércio Barbosa, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV), a recuperação da oferta da matéria-prima pelas indústrias nos últimos três meses permitiu que os laticínios mantivessem a estocagem de 100 milhões de litros, mas diante de uma outra situação: a época é de safra e o período de férias implica diminuição de consumo de leite. "É uma situação confortável nesse momento", diz. Conforme ele, a produção de longa vida fechou 2012 em 6 bilhões de litros, 4% a mais que em 2011.

Apesar dos sinais positivos, produtores e laticínios continuam a enfrentar a forte concorrência das importações (especialmente do Uruguai), que totalizaram aproximadamente US$ 690 milhões no ano passado – 13% a mais que em 2011 -, em leite em pó, iogurte, manteiga e queijo, entre outros.
Os produtores têm tentado barrar as importações, sem sucesso, e programam protestos contra elas para este ano.

Segundo a Scot Consultoria, as perspectivas para 2013 apontam para um pequeno aumento no preço do leite ao produtor, de 2,5% a 3%. Para Jéssyca Guerra, o pecuarista estará mais preparado para planejar a alimentação suplementar em virtude do encarecimento dos grãos.