RESTRIÇÃO

18/12/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:05am

A Arábia Saudita anunciou ontem a proibição de importação da carne bovina brasileira por conta do caso de doença da vaca louca registrado em um animal no Paraná, em 2010.

O País é o quarto a adotar o embargo e, até agora, o mais importante: é o responsável por 3% das exportações brasileiras do produto e o nono maior comprador. Este ano, importou o equivalente a US$ 143,4 milhões até outubro.

A medida, segundo uma nota da Autoridade Saudita para Alimentos e Medicamentos, inclui a proibição temporária de carne resfriada, congelada ou enlatada, assim como derivados, até "a eliminação das causas que a ela levaram".

O embargo vale para toda a carne brasileira, independentemente do Estado de origem. Também ontem o Egito anunciou a proibição, mas apenas de produtos ou animais vindos do Paraná.

A adesão de mais dois países ao embargo à carne bovina – mesmo que parcial no caso do Egito – confirma o temor do governo brasileiro de um efeito cascata desde que o Japão determinou a suspensão da importação no início da semana passada.
Em seguida, China e África do Sul também aderiram. Até este momento, no entanto, a preocupação era menor pelo fato de nenhum dos três país serem grandes compradores, respondendo por apenas 1,5% das importações do produto.

O Itamaraty havia já decidido iniciar consultas na Organização Mundial do Comércio (OMC) com os países que adotaram o embargo e também iniciar uma discussão sobre o caso no Comitê de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS), mas ainda nada foi feito.
Esperava-se o resultado de missões que o Ministério da Agricultura decidiu enviar a esses países. Agora, as ações devem ser aceleradas.

De acordo com o secretário executivo do Ministério da Agricultura, José Carlos Vaz, os maiores importadores do Brasil foram procurados na semana passada e haviam garantido que não adotariam restrições.

Entre eles, Arábia Saudita e Egito. O ministério também fez contato com países que estariam analisando a suspensão das importações, como Venezuela e Irã e ouvido que não haveria suspensão de importação. Na Venezuela, que compra a maior parte dos animais vivos do Brasil, há pressão pelo embargo.

As restrições começaram depois que o governo brasileiro confirmou que um animal de Sertanópolis (PR), que morreu de um mal súbito há dois anos, era portador da proteína causadora da encefalopatia espongiforme bovina (EEB) – nome oficial da doença.
A rês, no entanto, não desenvolveu a doença nem morreu por causa dela, o que levou o caso a ser classificado como "não clássico" e restrito. A Organização Internacional de saúde animal (OEI), depois de analisar a situação, continuou avaliando o Brasil como "risco insignificante" para a EEB.

Governo brasileiro organiza reunião para esclarecimentos

Temendo um efeito dominó, o governo brasileiro põe em ação uma campanha internacional para impedir que o registro de um caso de vaca louca no Brasil acabe fechando as portas para o produto nacional nos mercados estrangeiros e enviará uma delegação de alto escalão para Genebra para tentar tranqüilizar seus principais parceiros comerciais.

Amanhã, na Suíça, o governo convidou mais de 150 países para que participem de uma "reunião informativa" sobre o controle de doenças no País e esclarecer dúvidas em relação ao caso registrado.

O secretário de defesa agropecuária do Ministério da Agricultura, Enio Marques Pereira, e o diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Guilherme Marques, vão comandar a ação.

Originalmente, o governo havia anunciado que levaria o caso à Organização Mundial do Comércio e que a entidade seria o fórum das consultas. Mas a reunião informativa ocorrerá na missão do Brasil em Genebra. / J. C.