AVICULTURA

04/12/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:10am

O fim de ano dos avicultores de Mandirituba não é nada promissor e as famílias já estão se preparando para um período ainda mais delicado, devido ao descaso e falta e pagamento pelos frangos criados para o frigorífico Diplomata.

A crise financeira da empresa, que pertence ao deputado federal Alfredo Kaefer (PSDB), já teve afastamento da diretoria, pedido de recuperação judicial para evitar falência e tem sido responsável também pela morte de milhares de Aves. A perda dos criadores foi tamanha que a prefeitura precisou abrir valas para que as Aves fossem enterradas.

Os proprietários de granjas não conseguem manter a quantidade diária mínima de ração para manter as Aves vivas. Sem as Aves, a perda financeira das famílias é de 70% da renda, sem contar a falta de pagamento, que está em atraso desde março.
São, no mínimo, R$ 8 mil devidos pela Diplomata a cada produtor. O valor varia de acordo com o número da cota que foi deixada em cada granja. Os criadores recebem, em média, R$ 0,25 por animal.

Sem idéia de quanto receberão novamente, os criadores estão buscando outras fontes de renda para manter o sustendo das famílias. Mas a situação chegou a tal ponto, que a questão financeira já é secundária para os criadores.
A preocupação é com a situação desesperadora dos animais, que os leva a tentar lidar com cenas bizarras e dolorosas, de ver de Aves se alimentando de outras Aves para se manterem vivas.

A Diplomata não envia a ração há 20 dias. Apenas em uma das propriedades, 10 mil animais morreram de fome. Das 85 toneladas de ração que deveriam ser consumidas, apenas 51 toneladas foram enviadas pelo frigorífico. O proprietário da granja está desde o mês de março sem receber o devido pagamento.

"Claro que o dinheiro nos importa, mas chega uma hora que você só pensa no animal e no sofrimento deles. E não temos o que fazer. São R$ 3 mil por dia se formos manter a quantidade de ração que eles precisam. Hoje estamos com 300 frangos dos 10 mil que tínhamos", contou o avicultor, que prefere não ter o nome identificado.

Criador pede proteção aos animais

A realidade vivida pelo produtor, que trabalha com o genro e sustenta quatro adultos e duas crianças, é corriqueira na localidade Rincão, em Mandirituba. "Só não passamos necessidades porque meu marido se vira.
Faz trabalho de pedreiro e trabalhamos com lavoura", lamenta Maria Chaves, que está preocupada com o Natal dos filhos de 11 e 1,8 anos. "O que é mais triste é seu filho te pedir coisas e você saber que não vai poder dar. É neles que pensamos e nos animais", disse a criadora.

O marido, Miguel Amauri Markowicz, não quer mais saber da criação de Aves e pede que a Sociedade Protetora dos Animais intervenha no caso. "Isso aqui é um crime, a Sociedade Protetora dos Animais deveria tomar uma providência. A Diplomata não manda a ração e os bichinhos estão aí morrendo, dá pena até olhar para eles", afirma Miguel.

Outro lado

O empresário Alfredo Kaefer não quis se pronunciar sobre o assunto, indicando uma assessoria para responder pelo caso. Porém, o proprietário da empresa de publicidade, Caio Gottlieb, não atendeu às ligações da Tribuna até o fechamento desta edição.