PET SHOP

03/12/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:10am

Com faturamento de R$ 13,6 bilhões no Brasil, o segmento, que já representa 0,39% do PIB, tem inovado nos produtos e nos serviços. Para avançar, representantes do setor querem a criação de marco regulatório e do censo de animais
A oferta de produtos para animais de estimação já é um ótimo negócio no país.
Até o fim de dezembro, o segmento deverá faturar R$ 13,6 bilhões, apresentando crescimento de 11,8% em relação ao ano passado.
Dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) mostram que esse mercado representa 0,39% do Produto Interno Bruto (PIB), superando alguns eletrodomésticos da linha branca, como geladeiras e freezers, além de notebooks e netbooks.

Isso significa que os brasileiros estão gastando mais para criar os seus bichinhos e contribuindo para consolidar um segmento que já emprega 1,2 milhão de pessoas – 800 mil estão nos criadouros de cães, gatos, pássaros e peixes, 200 mil na rede de comercialização e cerca de 25 mil nas indústrias de Produção de alimentos, medicamentos e acessórios.

O Brasil ocupa o segundo lugar em faturamento no ranking mundial, abocanhando fatia de 8% dos US$ 86 bilhões do total negociado, à frente de países como Japão, França, Alemanha e Bélgica. Mas ainda muito distante dos Estados Unidos, o primeiro colocado, responsável por 32% desse montante. Para quem quer investir no setor, o espaço para crescimento é grande.
O universo de animais domésticos no país é gigantesco. São 25 milhões de peixes, 36 milhões de cães, 20 milhões de gatos e 19 milhões de Aves cujos proprietários buscam, cada vez mais, cuidados especializados. Sem contar os mimos, como roupas, camas macias, xampus, areias perfumadas e coleiras com pedras coloridas.

O cenário propicia o surgimento de lojas com atuação nacional, como o grupo Pet Center Marginal. Seu presidente, Sérgio Zimerman, diz que o crescimento acelerado dos últimos anos é uma conjunção de fatores.
Um deles é o fato de as pessoas terem tomado consciência de que resto de comida humana não é a melhor forma de alimentar os bichos. O mais adequado é oferecer a ração industrializada, que melhora a qualidade e a expectativa de vida dos animais. Esse tipo de produto contribui com 70% do faturamento da indústria pet, mas é apenas um dos muitos disponibilizados à clientela. A Marginal tem 20 mil itens diferentes nas prateleiras.

A diversificação passa também pelo setor de serviços. São oferecidos banhos, tosas, tintura de pelagem e até área de recreação para animais. O mercado vive o que Zimerman chama de "fenômeno da humanização do pet. A roupinha é uma mostra disso, não é o cão que pede, é o dono que projeta nele os seus desejos".

Novas estratégias

Segundo o presidente da Abinpet, José Edson Galvão de França, esse é um segmento que cresce no mundo inteiro. Para o Brasil não ficar para trás, os representantes da cadeia produtiva estão traçando estratégias que visam à consolidação do mercado. O primeiro passo será estabelecer o marco regulatório que normatizará o funcionamento dos criadouros.
Para França, o principal problema está nos criatórios de Aves, que hoje são regulados e fiscalizados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), já que esses animais são silvestres. "O Ibama tem foco preservacionista puro, por isso, queremos que eles passem a ser responsabilidade do Ministério da Agricultura", afirma. Permaneceria a cargo do instituto a repressão ao tráfico de animais e a outros crimes ambientais.

Se o documento for aprovado como está, caberia ao ministério normatizar a abertura e fiscalizar os criadouros. Mesmo reconhecendo que a proposta poderá causar polêmica, França admite que esse é o melhor caminho para incrementar os negócios. "Não podemos depender do humor dos técnicos do Ibama." De acordo com ele, os criadores de animais também têm perfil conservacionista, ou seja, não tiram animais das matas, comercializam apenas aqueles que nascem em cativeiro, garante. Com autorização do instituto, a matriz é capturada e, depois da reprodução, reinserida em seu meio. Isso ajuda, inclusive, na preservação das espécies em extinção, afirma.

"O que queremos é uma política que nos permita crescer. A transferência de parte das responsabilidades para o Ministério da Agricultura já está em discussão também com o Ministério do Meio Ambiente. Os crimes ambientais devem ser combatidos com conscientização, e não com a repressão do comércio legalmente estabelecido", ressalta França.

Também faz parte das estratégias do setor brigar pela desoneração fiscal. Os alimentos são taxados em 49,9%, conta o presidente da Abinpet. "É a maior taxa do mundo." Segundo ele, na Alemanha e nos Estados Unidos, as alíquotas são de 18%.
Discutido no âmbito da Câmara Setorial Pet do Ministério da Agricultura, o mercado quer ainda fazer o censo dos animais de estimação por meio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e criar um fundo privado, com a participação de toda a cadeia produtiva, para financiar programas de capacitação, o que poderá ser feito em parceria com o Sebrae.

Colaborou Priscilla Oliveira

US$ 86 bilhões
Faturamento mundial do mercado pet