Avicultura

24/09/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:10am

A crise na avicultura pode ser analisada a partir estiagem que aconteceu no Sul do Brasil na safra verão deste ano. O Rio Grande do Sul foi afetado por uma estiagem violenta que levou mais de 50% da safra de milho e cerca de 40% da safra de soja. A situação da avicultura começou a se complicar mais a partir da estiagem americana que dizimou 102 milhões de toneladas de milho e uma grande fatia da produção de soja do país.

Este cenário ensejou que os grandes importadores mundiais, como alguns países da Ásia, viessem por aumentar as compras de soja e milho do Brasil, elevando os preços das culturas a cada hora, e a cada dia.

“Nós pagávamos pela tonelada de farelo de soja no início do ano cerca de R$600 e hoje o preço chegou a quase R$1.350. É realmente um aumento considerável. Se for um momento muito bom para o produtor que está vendendo soja a um alto preço, para a avicultura é um momento crítico”, afirma o presidente da União Brasileira de Avicultura (UBABEF), Francisco Turra.

Algumas empresas já pediram recuperação extrajudicial e outras atualmente passam por grandes dificuldades. A consequência deste desgaste no setor irá refletir no consumidor final, aumentando o custo dos produtos.

“Os insumos aumentaram em média 40% e isto enseja um aumento no custo da produção avícola. Isto balançou totalmente a cadeia que vinha ordenada nos anos anteriores crescendo em produção, exportação e em consumo”, afirma o presidente da UBABEF, acrescentando que a consequência é da redução da produção e um aumento dos preços ao consumidor.

“Atualmente a procura pela carne de frango havia aumentado e o preço estava mais baixo, momento em chegamos a essa crise. O preço embora continue popular, terá um incremento”, completa.

Apesar de o Brasil ser maior produtor profissional de aves do planeta, o primeiro exportador do mundo e terceiro maior produtor, segundo dados da UBABEF, a crise nos afetou o país violentamente. E a avicultura vive um momento difícil.

“A produção vai cair em torno de 10% a partir da crise. E, em conseqüência, teremos menos exportação e menos disponibilidade de produto para o consumidor final. Menos ração no mundo, menos alojamentos”, afirma Turra.

A União está viabilizando alguns projetos de recuperação e para o fortalecimento do setor. “Ações de crédito para as empresas, desoneração da folha de pagamentos, da redução dos custos gastos em energia será um grande passo, porém nossa maior luta se refere ao escoamento da produção, onde nós traríamos o milho das regiões onde ele está sobrando e distribuiríamos onde falta”, finaliza Francisco Turra.

Desoneração na indústria pode beneficiar produtores rurais
A desoneração da folha de pagamentos para a indústria de aves e suínos pode contribuir para estimular o consumo interno de carne e proporcionar melhor remuneração aos criadores de animais pela comercialização de matrizes com as agroindústrias. A avaliação é do presidente da Comissão Nacional de Aves e Suínos da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Renato Simplício Lopes, que considerou positiva a medida anunciada na semana passada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que incluiu os dois segmentos entre os contemplados pela desoneração tributária para 20 segmentos da indústria, além dos setores de serviços e transportes.

Ao propor a substituição da contribuição patronal de 20% sobre a folha de pagamentos por uma alíquota de 1% sobre o faturamento das indústrias, o Governo pretende incentivar a geração de mais empregos formais, além da ampliação de investimentos e redução do custo da mão-de-obra para as empresas. “É uma medida positiva, desde que esta redução do custo das empresas seja repassada ao consumidor. Isso poderá aumentar a procura por carne e equilibrar a relação entre oferta e demanda”, ressaltou Simplício, defendendo que a medida beneficia principalmente a suinocultura, que atravessa período de crise.

Segundo ele, no caso da suinocultura, o equilíbrio entre procura e oferta pode provocar uma reação positiva nos preços do quilo do suíno vivo. A baixa remuneração pelos animais tem sido uma reclamação freqüente dos suinocultores, diante do excedente de carne suína no mercado. Os valores recebidos pela venda de matrizes têm ficado abaixo do custo de produção, em razão da disparada dos preços dos insumos usados na alimentação dos animais. “Para que haja essa recuperação de preços, as medidas tomadas para desonerar a indústria devem ter benefícios na ponta. Caso contrário, nem o consumidor nem o produtor rural ganham”, afirmou Simplício.