carnes

10/08/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:43am

Produtos se acumulam nos frigoríficos goianos, sem autorização para saírem do Estado
Sem autorização para transporte, carnes ficam estocadas

Cerca de 2 mil toneladas de carnes bovinas, suínas e de Aves estão paradas nos frigoríficos de Goiás, sem autorização para serem transportadas para fora do Estado. Além disso, mais de 100 caçambas com diversos tipos de produtos estão no Porto Seco de Anápolis sem permissão para serem exportados, assim como estão impedidos de serem importados qualquer produto de origem vegetal e animal.

As estimativas são da delegacia regional do Sindicato Nacional dos Fiscais Agropecuários (Anffa Sindical-GO) e os números só tendem a crescer, em função da greve iniciada pela categoria na segunda-feira, quando os fiscais federais deixaram de emitir os Certificados Sanitários Internacionais para exportação e as autorizações de importação.

Apenas os produtos considerados essenciais, como medicamentos, estão sendo movimentados em Goiás. Além disso, a fiscalização sanitária nos próprios frigoríficos que emite o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) foi mantida, afirma o delegado da Anffa Sindical em Goiás, Wendel Amaral de São Bernardo. "A fiscalização das carnes nas indústrias está sendo feita normalmente. Mas, como não estamos autorizando as exportações, os frigoríficos estão tendo de armazenar o produto nas suas câmaras. Resta saber até quando eles terão capacidade para continuar produzindo e congelando", explica.

Para se ter uma ideia, o volume de carne parada até agora corresponde a 5% do que foi exportado pelo Estado em todo o mês de julho. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, o frigorífico JBS (Friboi) paralisou o abate por dois dias. A assessoria de imprensa do grupo não soube informar se a decisão se estenderia para as unidades da empresa em Goiás. Entretanto, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Carne de Goiás (Sindicarne), José Magno Pato, alguns frigoríficos estão funcionando em menor escala no Estado.

QUALIDADE

O delegado da Anffa Sindical em Goiás, Wendel Amaral garante que o consumidor goiano não corre risco de comprar derivados de animais irregulares, vinda dos grandes frigoríficos. "Não pretendemos prejudicar a população." Para ele, é possível até que os goianos se beneficiem de uma possível queda de preços da carne, já que, se houver grande acúmulo de abate nas câmaras frigoríficas, as empresas se verão obrigadas a desovar parte da produção no próprio Estado, o que aumentaria a oferta e reduziria os valores.

Entretanto, a mesma garantia não é dada pelo Sindicato dos Fiscais Agropecuários de Goiás (Sinfeago) em relação aos abatedouros de menor porte. O presidente da entidade, Carlos Augusto Bouhid, diz que, naqueles estabelecimentos de responsabilidade dos profissionais estaduais, a fiscalização está sendo feita em apenas 30% da produção desde o dia 30 de julho, quando a greve estadual foi iniciada. "O resto é carne clandestina."

Ele também diz que os leilões de gado e as barreiras não estão sendo monitorados desde a semana passada. "Sem a atuação dos fiscais, há um grande risco de disseminação de doenças entre os animais e até mesmo da entrada de pragas nos pomares."

Bouhid é desmentido pelo presidente da Agência Goiana de defesa agropecuária (Agrodefesa), Antenor Nogueira. Ele afirma que todos os serviços essenciais estão mantidos por decisão judicial e que, por isso, não há preocupação com falta de inspeção. "Os frigoríficos ganharam liminares obrigando os fiscais a manterem a fiscalização. Agora, conseguimos outra liminar que considerou a greve ilegal. Se eles não voltarem ao trabalho, terão os pontos cortados."

Contudo, o presidente do Sindicarne relata que vários escritórios regionais de fiscalização estadual estão fechados, o que impede que os frigofíricos obtenham a Guia de Transporte Animal (GTA).