Clandestinas

29/05/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:48am

A Secretaria de Agricultura do Distrito Federal calcula que das 50 toneladas de carne de ovinos e caprinos produzidas no DF, 33 são clandestinas. Segundo reportagem do Bom Dia DF, os números indicam que 66% desse tipo de carne têm problemas no abatimento, transporte ou conservação, feitos em locais não autorizados e sem fiscalização.

Pelos cálculos da Secretaria de Agricultura, por ano são consumidas no DF 380 toneladas de carne de ovelhas, carneiros, cordeiros, cabras e bodes. A maior parte vem de fora, principalmente do Rio Grande do Sul e do Uruguai.

As imagens feitas com uma câmera escondida mostram a falta de cuidado com o alimento na Feira de Ceilândia (veja vídeo acima). Em uma banca que vende carne de ovinos e caprinos, o funcionário não usa luvas e, pior, manipula o produto diretamente no chão.

Alguns pedaços da carne ficam pendurados, sem qualquer refrigeração. Outros ficam expostos em um freezer com o vidro sujo.

"O risco maior é a toxinfecção alimentar, que pode levar à morte. Mas existem outras doenças que são transmitidas dos animais para os seres humanos, causando uma série de problemas", afirma a diretora de inspeção da Secretaria de Agricultura, Cristyanne Taques.

O diretor do Sindicato dos Criadores de Ovinos e Caprinos do DF, Ângelo Mazan Neto, diz que a quantidade de frigoríficos clandestinos é grande porque eles pagam mais ao produtor: até R$ 16 pelo quilo da carcaça de um cordeiro. Os quatro frigoríficos autorizados pagam R$ 12, pois os gastos com higiene e os impostos pesam na hora da conta.

Manzan acredita que a solução é criar um Abatedouro oficial, em forma de cooperativa, onde os produtores seriam sócios. "Se tivéssemos um frigorífico aqui que pagasse um preço mais justo ao produtor, dobraria a quantidade. Além de eles mesmos abaterem os animais deles, teriam uma participação nos lucros do frigorífico."

O consultor de vendas Elano dos Santos come carne de cordeiro desde criança. Ele compra pelo menos uma vez por semana, mas só se o produto estiver bem embalado, refrigerado e, principalmente, com o selo SIF do Ministério da Agricultura, que atesta a qualidade.

"Procurar sempre um produto que seja ‘sifado’, embalado a vácuo e que tenha procedência de um local que você conheça", indica o consumidor.

Em uma loja da Asa Norte, a carne de cordeiro representa 40% das vendas e a procura tem crescido. A dona do estabelecimento, Cláudia Santos, afirma que, quando a origem do alimento é duvidosa, até o sabor fica diferente.

"O animal tem umas glândulas que, se você não souber abater, você distribui o cheiro e o sabor pela carne. Outra coisa, quando você abate, se você não souber resfriar antes de congelar, o osso é congelado quente e aí atrapalha toda a estrutura da carne causando também odor", explica.