Resgate

17/05/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:49am

Um filhote de onça-parda encontrado faminto em um canavial no interior de São Paulo ganhou o direito a dormir no quarto aquecido de um casal e de se alimentar 12 vezes por dia com leite de cabra. Marie, que tem aproximadamente 15 dias, engordou meio quilo desde sexta-feira (11), quando foi achada na zona rural de Iepê (a 516 km de São Paulo).

A oncinha tinha 900 gramas quando se perdeu da mãe e agora pesa 1,4 quilo. "Ela é praticamente um gatinho, de tão dócil. Mas nunca vimos uma onça tão gulosa. Normalmente, os felinos filhotes se alimentam de 60 ml de leite a intervalos de duas horas. Mas para ela são precisos 120 ml", afirma Natália Tomas Inácio de Godoy, 47, diretora-executiva da Apass, uma entidade que cuida de animais em Assis (a 434 km de São Paulo), para onde Marie foi encaminhada pela Polícia Ambiental. Natália e o marido, Aguinaldo Marinho de Godoy, se revezam para alimentar
Marie durante a noite. A oncinha vai permanecer na Apass porque não tem condições de retornar às matas. "Esta é uma orientação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis)", diz Natália.

Na entidade, que funciona em duas chácaras, o filhote vai fazer companhia a outros animais sem condições de viver na natureza, entre eles três onças-pardas já adultas: Vitória, Vitorinha e Vini, um macho que sofre de epilepsia.
"Além dos felinos, também ficam aqui os animais que têm algum tipo de lesão. São pássaros com asas quebradas, sem bico, cegos e mamíferos mutilados. Eles não reúnem condições de viver novamente soltos na mata", afirma Natália.

Além de animais machucados, a Apass recebe também bichos apreendidos pela Polícia Ambiental e que seriam destinados ao comércio, principalmente pássaros. Muitos não suportam o estresse, de acordo com a cuidadora, e acabam morrendo.

Segundo cálculo da diretora, nos últimos 12 anos já passaram pelo local pelo menos 15 mil Animais silvestres. A
entidade recebe animais das regiões de Presidente Epitácio, Assis e Bauru e conta com o trabalho voluntário de dois
veterinários e um biólogo. Atualmente, 600 animais estão sob os cuidados da Apass (Associação de Proteção de Animais silvestres de Assis).