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09/05/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:50am

Conheça o trabalho de laboratórios que fazem coleta e transfusão sanguínea para animais. Veja também os critérios para ser um doador

O Globo Universidade sobre medicina veterinária mostrou a pesquisa da professora Luciana Lacerda, que busca soluções para melhor conservar os eritrócitos. Chamados também de hemácias ou células vermelhas, eles são responsáveis por carregar o oxigênio no sangue. Realizado no Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário (LACVet) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o estudo tem como objetivo encontrar uma forma de manter o sangue armazenado por mais tempo

A pesquisadora está estudando quatro soluções diferentes, uma brasileira e outras três internacionais, que não são vendidas no Brasil. A ideia é entender as diferenças nas composições de cada uma para verificar quanto tempo o sangue dos animais pode ficar viável para o armazenamento, ou seja, quanto tempo as hemácias podem suprir e levar oxigênio para o sangue.

Luciana também divulga outro projeto, o “Pets que salvam vidas – programa de cães e gatos doadores de sangue”, em que é feita tanto a doação e transfusão de sangue de animais quanto o auxílio ao clínico veterinário responsável. “Só a transfusão não resolve, ela é paliativa”, explica a professora. Ela ressalta a necessidade de acompanhar e entender o problema do paciente, de modo que se possa oferecer um tratamento de qualidade.

No “Pets que salvam” são feitas avaliações clínicas e laboratoriais da saúde do animal para verificar se ele pode ser um doador ou não. “A importância da doação de sangue está no fato de que um animal saudável pode salvar uma ou mais vidas e ainda pode-se constatar se o animal está bem de saúde.”, afirma Luciana. Atendendo aos requisitos, a coleta de sangue pode ser feita a cada 2 ou 3 meses após a primeira doação.

Assim como para os humanos, a doação de sangue de animais é voluntária. Os critérios têm como base o peso e a saúde dos doadores. Os cães devem pesar acima de 25 ou 27 kg (depende do centro de coleta) e os gatos, acima de 4 kg. Os animais devem ter entre 1 e 8 anos, serem dóceis e vacinados.

A necessidade de transfusão se dá por “alterações na coagulação do sangue, que pode ser gerada por traumas, doença renal, hepática, tumores, intoxicações por venenos de ratos e picadas de cobras”, explica Simone Magalhães, responsável pelo Hemovet, laboratório e centro de hemoterapia veterinária em São Paulo. Para ela, “a doação de sangue é um procedimento seguro e um ato de amor que ajuda a salvar a vida de vários animais que necessitam de transfusão diariamente.”

Onde encontrar um centro de doação de sangue para animais

No Hemovet é feita tanto a coleta como a transfusão sanguínea e todos os animais doadores são testados para várias doenças. “Nós trabalhamos com cães e gatos, porém outras espécies também necessitam de transfusão como cabras, ovelhas, cavalos e bezerros”, afirmou Simone, que também é professora de Clínica de pequenos animais na Universidade de Santo Amaro (Unisa).

Outra opção é o Hemopet, um banco de sangue no Rio de Janeiro que segue os padrões humanos em termos de coleta, armazenagem e distribuição. “A importância é a mesma que para um ser humano. Salvar uma vida. Os animais também ficam doentes ou sofrem acidentes, dos quais necessitam de sangue”, comenta a veterinária Luciula Kfuri.

No Hemopet são realizados testes de tipagem sanguínea e compatibilidade de antígeno ou de anticoagulante. De acordo com Luciula, isso é necessário pois o cão possui treze diferentes tipos sanguíneos e o gato, três. Com as informações dos testes, é possível evitar que o receptor receba o sangue de um doador não compatível com o dele, evitando assim “reações transfusionais”. Nesse caso, o sangue pode não ser aceito pelo organismo, podendo levar o paciente a ter problemas mais sérios do que antes.

Recomenda-se que os donos sejam cautelosos com os locais de doação de sangue onde levam seus animais. A escolha é dificultada por ainda não haver uma associação de hemoterapia veterinária no país. “O Conselho Federal de Medicina Veterinária está tentando regulamentar a prática, para que se evite um comércio sem leis e sem qualidade”, afirma Luciula.

“Cada região está tentando formalizar as regras em seu conselho veterinário para depois apresentar ao CFMV”, complementa Luciana Lacerda. É importante que os donos dos animais, para a segurança dos mesmos, procurem apenas as instituições de doação e transfusão aprovadas pelo Conselho. Caso contrário, alerta a pesquisadora, “as pessoas podem pensar que qualquer animal pode doar sangue, e não é bem assim”.

Na página do LACVet podem ser encontrados outros centros de doação e transfusão de sangue reconhecidos. Para as localidades não encontradas, recomenda-se que os donos de animais entrem em contato com o conselho de medicina veterinária regional.