Combate

29/03/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:50am

Deve ser lançada em breve a Frente Parlamentar de Combate à Tuberculose. O deputado Antonio Brito, do PTB da Bahia, disse, nesta terça-feira (27), que vai começar a colher assinaturas de apoio à nova frente. O anúncio foi feito durante audiência pública da Comissão de Seguridade Social da Câmara. O objetivo do evento, que integrou a programação relativa ao Dia Mundial de Combate à Tuberculose – 24 de março -, foi dar visibilidade à doença como problema de saúde pública no Brasil.

A cada ano, 70 mil pessoas contraem tuberculose no País, o que provoca 4.300 mortes anualmente, ou seja, 12 por dia. Além disso, estima-se que 45 milhões de pessoas carreguem o bacilo de Koch, a bactéria que provoca a maioria dos casos de tuberculose.

A doença ataca principalmente os pulmões, mas pode ocorrer em outras partes do corpo, como ossos, rins e meninges – as membranas que envolvem o cérebro. Os principais sintomas são tosse por mais de três semanas, com ou sem catarro, acompanhada ou não por febre no fim do dia.

O deputado Antonio Brito destaca que um dos maiores problemas para o combate à doença é o abandono do tratamento pelo paciente, já que ele dura seis meses.

"O que acontece hoje no País, que nós temos que combater, é o abandono ao tratamento, porque durante 90 dias, normalmente, você tem uma melhora no seu quadro que acometeu a sua ida a procurar os médicos dos postos de saúde locais. E, com isso, você abandona o tratamento, e por isso o bacilo vem resistente, acometendo outras pessoas de um bacilo resistente até à própria medicação. Esses dados têm nos preocupado muito, e tem preocupado também o fato de a tuberculose ser a principal causa de morte das pessoas acometidas por HIV/Aids."

O tratamento da tubeculose é feito gratuitamente no Sistema Único de Saúde, onde o paciente também recebe os medicamentos, que devem ser tomados sem interrupção por seis meses.

O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, destacou, durante a audiência na Comissão de Seguridade, que os casos de tuberculose vêm diminuindo nos últimos anos.

Apesar disso, segundo Jarbas Barbosa, ainda há muito a ser feito, uma vez que a tuberculose atinge principalmente uma faixa da população que muitas vezes não consegue acessar os serviços de saúde.

"Atualmente, a tuberculose está muito concentrada em algumas áreas e populações: na periferia das grandes cidades, onde a gente tem muito ajuntamento, pessoas que vivem, às vezes, 10, 15 pessoas numa área pequena, sem janela, sem condições ideais de moradia; a população prisional, que é um problema muito grande; indígena; a população vivendo em situação de rua. Então, o esforço hoje é como chegar nessas populações mais vulneráveis de maneira sustentada."

O vice-presidente do Grupo de Apoio à Prevenção da Aids do Rio Grande do Sul, Carlos Alberto Duarte, já se tratou por duas vezes da tuberculose pelo Sistema Único de Saúde. Ele afirma que um dos motivos de a população abandonar o tratamento da tuberculose é a falta de acolhimento adequado por parte dos profissionais de saúde que lidam com os doentes.

O secretário-executivo do Fórum ONGs Tuberculose, Carlos Basília, alertou para o desconhecimento da população e até dos médicos sobre a tuberculose. Ele citou pesquisa segundo a qual 49% dos entrevistados desconheciam a doença e 70% dos médicos foram incapazes de citar os principais sintomas de doenças como a tuberculose, a doença de chagas e a hanseníase. Por isso, de acordo com Carlos Basília, as campanhas de informação sobre a tuberculose são tão importantes.