Embargo

03/01/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:01am

Um intrincado jogo de interesses comerciais e inabilidade política dificulta há mais de seis meses a entrada de carnes brasileiras na Rússia. Na tentativa de revogar o embargo, o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, irá se reunir, no final do mês, com autoridades russas, em Berlim.

Mendes aproveitará sua passagem pela maior feira agrícola e alimentícia do mundo, na Alemanha, para se sentar à mesa com os russos. No encontro, o ministro tentará dissipar a resistência do Kremlin aos produtos brasileiros. Alegando razões sanitárias, o país europeu suspendeu, em 15 de junho de 2011, o embarque de suínos, bovinos e aves de frigoríficos brasileiros para o território russo. Atualmente, Santa Catarina tem o único frigorífico brasileiro com permissão de vender suínos para a Rússia, o Pamplona, de Rio do Sul.

Caso Moscou autorize as exportações, mais sete plantas de empresas como Marbella, Aurora e BR Foods poderão entrar no negócio, informa Jurandir Machado, diretor da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). Todas estão nas regiões Oeste e Meio-Oeste de SC.

O presidente da Cidasc, Enori Barbieri, diz que o principal impacto para os produtores seria aumentar os preços no país. Independente da autorização, os produtores preveem aumentar em 50 mil toneladas a produção de carne de porco no Estado, atingindo 800 mil toneladas em 2012.

A expansão ocorre para atender aos mercados do Japão, da Coréia do Sul e da China, que recentemente autorizaram a entrada de suínos brasileiros. O presidente da Cidasc declara que o plano é aumentar a produtividade, sem gerar postos de trabalho.

A importância da Rússia no mercado mundial está caindo. Ela deve passar da segunda para terceira posição como maior importador. Permanecerá atrás do Japão, que comprou 1,2 milhão de toneladas em 2011. E será ultrapassada pela combinação Hong Kong e China, que devem comprar 1,6 milhão de toneladas até dezembro.

A Rússia importou 930 mil toneladas em 2011 e deixará de ser o principal foco catarinense, que passa a ser China, Coréia do Sul e Japão.