Rebanho

12/12/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:04am

Em Cuiabá há poucos profissionais especializados nesta área. A equipe do haras Twin Brothers está entre eles e desde 2006 se dedica a estudos e pesquisas específicas sobre o assunto. Com um investimento de mais de R$ 100 mil, a equipe montou um laboratório com equipamentos modernos e atende a demanda de todo o Mato Grosso e de outros estados brasileiros. O Médico Veterinário Ramiro Victor Soares conta que o mercado é bom e que há demanda diariamente. “Neste dezembro temos éguas de criadores de Rondonópolis, Sinop e Juína para serem inseminadas”. Ramiro explica as vantagens de cada procedimento e destaca que, tanto a inseminação quanto a transferência de embriões têm vantagens que ajudam a melhorar a qualidade genética do rebanho. Segundo ele, a coleta e o congelamento de sêmen é uma forma de aproveitar melhor os garanhões. “Em uma coleta se pode conseguir em média três doses de sêmen que chegam a ser vendidas por até R$ 3,5 mil cada uma. Entre as vantagens na utilização das técnicas de refrigeração e congelamento de sêmen eqüino se pode destacar o controle de doenças sexualmente transmissíveis e a diminuição de custos com aquisição de garanhões com qualidade genéticas superiores. O Twin Brothers tem um banco de sêmen com cerca de 500 doses de garanhões famosos e donos de títulos nacionais e internacionais. Já a transferência de embriões potencializa a utilização da fêmea que pode ter vários potros no mesmo ano. Ramiro explica que o cio natural da égua acontece a cada 21 dias e durante este período se pode fazer duas coletas de embriões a cada cio. O aproveitamento é de cerca de 80%. Na monta a campo cada gestação dura 11 meses. “Assim cada animal poderia ter apenas um filhote a cada dois anos em média. Além da gestação ainda tem o período de desmama”. Tecnologia – A transferência de embriões é mais complicada e cara para os equinos se comparada com a dos bovinos. Uma das diferenças é que para os bovinos é feita uma sincronização de cio e a inseminação pode ser feita em vários animais em um mesmo dia. Já para os equinos deve ser feita uma avaliação diária para verificar o momento oportuno de fazer a transferência. Essa avaliação é feita com exames de ultrassom. A transferência de embriões precisa de uma receptora, égua que recebe o embrião e gera o potro. Este animal deve ter estrutura semelhante com a da raça do embrião e precisa apresentar excelentes habilidades maternas como a docilidade e boas condições para amamentação. Criar cavalos é uma paixão que conquista e envolve o ser humano, assim muitos criadores acabam mantendo as receptoras em seus rebanhos. Esse mercado de inseminação artificial, congelamento de sêmen e transferencia de embriões tem gerado boas expectativas nos criadores que podem ter animais de excelente qualidade genética por um preço mais em conta. O criador Duilio Aberto Ferraz conta que tinha uma égua em sua fazenda, mas não tinha condições de comprar um garanhão com bons precedentes genéticos. Então ele investiu cerca de R$ 5 mil em doses de sêmen, inseminou a égua e já tem um potro com excelentes qualidades genéticas. “Isso ajuda a melhorar a qualidade da minha tropa. E ainda consegui fazer uma boa economia”. O valor de um potro, resultado de uma inseminação artificial ou de uma transferência de embriões, fica bem mais em conta do que se o animal for comprado no leilão. De acordo com Ramiro, para quem não tem nem a égua de raça e nem o garanhão, vale a pena comprar a cobertura que custa em média R$ 3,5 mil, a barriga (como é chamado o embrião), R$ 15 mil e o procedimento que fica em torno de R$ 2 mil. Ao todo o potro vai custar cerca de R$ 20 mil. “Já no leilão um animal com as mesmas características genéticas não sai por menos de R$ 40 mil”, avisa o veterinário apontando a melhora da raça em Mato Grosso.