Combate

21/10/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:04am

As tecnologias que elevam a produtividade rural são o caminho mais curto para o combate à fome, defendeu ontem o representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Helder Muteia. Seu discurso foi a principal palestra do Fórum Inovação: Agricultura e Alimentos para o Futuro Sustentável, realizado pela Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) e pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), que representam indústrias, empresas de pesquisa, prestadores de serviços e instituições do setor.

Diante de 130 executivos, técnicos e agentes públicos, o porta-voz da FAO no país defendeu que é necessário ampliar a produção de alimentos melhorando o rendimento das lavouras. “Precisamos de uma segunda revolução verde”, resumiu, referindo-se ao período entre as décadas de 1960 e 70, quando novas sementes e tecnologias elevaram substancialmente as colheitas no mundo. A ação das indústrias e empresas de pesquisa deve complementar programas sociais públicos como o Fome Zero, considerou.

A FAO esperava que o número de famintos no mundo, que era de 850 milhões em 2005, estivesse abaixo de 500 milhões em 2011. Porém, vem constatando tendência inversa. A estimativa é que 950 milhões de pessoas não têm a alimentação mínima necessária para manter sua saúde. No Brasil, as estatísticas oficiais indicam que o problema afeta entre 6 milhões e 25 milhões de pessoas.

Depois da palestra, Muteia esclareceu que o encarecimento dos produtos agrícolas, em si, poderia estimular a produção e, com o tempo, reduzir a fome.

Disse, porém, que a volatilidade nas cotações tem reduzido o estímulo à produção. Apontou a especulação como fator prejudicial ao combate à fome e aos esforços de programas que facilitam o acesso da população à alimentação básica.

“A agricultura enfrentava queda de preço de 2% ao ano no final da década passada, com produção sempre acima da demanda. Na virada do século, tudo mudou. Estamos vivendo uma nova realidade”, disse Luiz Carlos de Carvalho, executivo escolhido para assumir a presidência da Abag.

A indústria do setor vem investindo alto em pesquisa para elevar a produção rural, mas enfrenta lentidão sempre que precisa registrar novos produtos, defendeu o presidente do Conselho Diretor da Andef, João Lammel. O governo brasileiro admite falta de estrutura, mas tem argumentado que não pode reduzir exigências para não expor a população e o ambiente a riscos sanitários e de degradação.