Aftosa

20/09/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:06am

A confirmação de um foco de febre aftosa no Paraguai, a 150 quilômetros da divisa com o Brasil, fez o Rio Grande do Sul entrar em estado de alerta. O aperto na fiscalização do serviço veterinário se concentrará principalmente na fronteira com a Argentina, faixa do provável ingresso do vírus no surto de 2000 no noroeste gaúcho.

Enquanto são esperadas novas informações das autoridades paraguaias sobre o controle do foco em uma propriedade do departamento de San Pedro ou a possibilidade de outros casos, a atenção maior no Estado se voltará a uma área entre os municípios de Garruchos e Barra do Guarita. Nas regiões entre os dois municípios, já atuam três equipes de vigilância, que receberão o reforço de outras seis, explica o coordenador do programa de febre aftosa da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa), Fernando Groff.

Para evitar um possível ingresso do vírus, os veterinários irão realizar barreiras e vistoriar propriedades. Serão montados ainda outros três grupos para o trabalho de conscientizar a população, tarefa que também terá o auxílio de técnicos das cooperativas locais. A região da fronteira com a Argentina é conhecida pelo contrabando de gado e carne pelo rio Uruguai.

– Mas não é um caso de emergência. Estamos apenas incrementando a fiscalização – diz Groff, que considera os próximos dois dias decisivos para se avaliar a extensão do problema no Paraguai.

O presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Carlos Sperotto, prega maior controle sobre a circulação de produtos de origem animal e também aguarda informações sobre a possibilidade de novos focos.

– Agora é importante que o problema seja dimensionado – observa.

Do lado brasileiro, os Estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, os mais próximos do local atingido, também intensificaram a vigilância. O Ministério da Agricultura anunciou que vai aumentar o número de fiscais na região, operar barreiras volantes, mapear propriedades e planejar ações com o Ministério da Defesa.

Caso pode acabar em oportunidade de negócios, diz presidente da Sicadergs

Apesar de historicamente ser fonte de dor de cabeça para o Brasil pelas suspeitas de circulação viral no rebanho, desde 2006 o Paraguai era livre de aftosa sem vacinação. Com isso, vinha ganhando mercado externo.

Ano passado, tornou-se o 10° maior exportador de carne bovina, e a projeção para 2011 indicava que ganharia mais uma posição da Argentina. As exportações estão agora suspensas por pelo menos 80 dias, e as perdas são calculadas em US$ 70 milhões por mês. O proprietário da fazenda onde foram encontrados 13 animais com a enfermidade, Silfrido Baumgarten, é presidente regional da Associação Rural do Paraguai. Na sexta, dia 16, uma suspeita de foco em outra região do Paraguai acabou descartada.

Mesmo preocupado com a questão sanitária, o presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Ronei Lauxen, entende que, caso o vírus permaneça do outro lado da fronteira, o Brasil e o Estado podem tirar proveito.

– O Paraguai exportava para a Rússia. Isso pode levar os russos a rever o embargo ao Brasil.

Após 2000, os últimos casos de aftosa no Rio Grande do Sul ocorreram em 2001. Em 2005, surgiram casos no Mato Grosso do Sul e Paraná.