Reconhecimento marca sessão solene em homenagem aos 50 anos do CFMV
23/10/2019 – Atualizado em 30/10/2022 – 9:30pm
A sessão solene em homenagem aos 50 anos do Sistema CFMV/CRMVs, realizada na manhã desta quarta-feira (23), na Câmara dos Deputados, em Brasília, certamente vai entrar na história do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). Com o Plenário Ulysses Guimarães lotado de profissionais, médicos-veterinários e zootecnistas, parlamentares e convidados, a solenidade foi marcada por discursos que reconheceram o papel da autarquia como representante máxima das duas profissões e as conquistas obtidas graças à atuação do Sistema.
A solenidade ocorreu na data em que, no ano de 1968, foi sancionada a Lei nº 5.517, que regulamentou o exercício da Medicina Veterinária e criou os Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária, conhecidos hoje como Sistema CFMV/CRMVs, transferindo para a própria classe a função de fiscalizar o exercício da profissão. A homenagem foi uma indicação do deputado Domingos Sávio, pelo trabalho prestado pela autarquia em prol da valorização de médicos-veterinários e zootecnistas e do bem-estar dos animais. Sávio é também médico-veterinário, formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Além do deputado, compuseram a mesa da sessão e discursaram: Francisco Cavalcanti de Almeida, presidente do CFMV; Luiz Carlos Rodrigues Cecílio, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária (SBMV); Milton Thiago de Mello, presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária (Abramvet); Bruno Divino Rocha, presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais (CRMV-MG); Anísio Ferreira Lima Neto, presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Piauí (CRMV-PI); Maria José Sena, reitora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); Wellington Fagundes, senador; e Eros Biondini, deputado federal.
Logo após o hino nacional, executado pelo Dueto da Banda Sinfônica do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, Sávio abriu a solenidade lendo uma mensagem do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, ressaltando “que as duas categorias, médicos-veterinários e zootecnistas, têm hoje um papel de destaque no desenvolvimento do agronegócio brasileiro, permitindo ainda ao Brasil abrigar o maior rebanho bovino do mundo”.
Parceria
Em seu discurso, o presidente do CFMV ressaltou que a solenidade fecha, de forma brilhante, um ano de comemorações pelos 50 anos do Sistema. Cavalcanti aproveitou para destacar que a parceria do conselho com a Câmara dos Deputados começou muito antes da promulgação da Lei nº 5.517/1968. Mais exatamente, em 1957, quando após intensa mobilização dos profissionais, o debate sobre a criação dos conselhos chegou ao Congresso Nacional.
“Estamos aqui para celebrar conquistas e olhar para frente. Falar dos 50 anos do CFMV é falar de luta, mas também de avanços. É falar de aprendizados, mas também de recomeços. É falar do futuro, mas também do passado”, destacou.
Para o presidente do CFMV, a Medicina Veterinária se apoia em um tripé, composto por um viés político, outro econômico e um social. “Como representante de mais de 183 mil médicos-veterinários e 30 mil zootecnistas, presentes em todas as 27 Unidades da Federação, o conselho sempre foi um balizador da qualidade dos profissionais brasileiros”, afirmou.
Francisco concluiu sua fala enfatizando que o CFMV repudia veementemente e se posiciona contra a modalidade de ensino a distância para área de saúde e reforçou aos parlamentares que é um retrocesso a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 108/2019, que pode levar à extinção dos conselhos profissionais.
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Avanços
Já Luiz Carlos Cecílio enfatizou os marcos históricos da Medicina Veterinária, que, por sua grandeza, vão se eternizando. “Os Congressos Brasileiros de Medicina Veterinária (Conbravet) se constituem importantes patrimônios da nossa profissão. Em sua trajetória, essa entidade contabiliza grandes avanços. Cinquenta anos são um grande triunfo, que não surgiu em um passe de mágica. Foi graças ao trabalho de muitos colegas, representantes da classe, todos eles merecedores do nosso respeito e da nossa saudade”, disse.
Para ele, essa é uma comemoração que a categoria profissional valoriza muito, não apenas pela importância da autarquia no Brasil, “mas pelo momento que o CFMV vive, sob a presidência do colega Francisco Cavalcanti, e por sua personalidade agregadora, unindo todas as instituições representativas da Medicina Veterinária”.
Uma das figuras mais aplaudidas na sessão e reconhecidas na Medicina Veterinária brasileira e do mundo, Milton Thiago de Mello se juntou ao colega, afirmando que Cavalcanti representa de forma exemplar o CFMV. “O presidente do Conselho Federal conseguiu agregar as três instituições mais importantes da Medicina Veterinária: SMBV, ABMV e o conselho. Eu creio que essa função é bem-vinda a um representante máximo do conselho”, afirmou.
Aos 104 anos de idade, Mello acredita que a profissão de médico-veterinário está no seu limiar. “Esse limiar é composto por três atividades que exigem um olhar mais atento: a geração de alimentos, o fenômeno pet e o aumento de oferta de ensino na área, esse, certamente, o assunto que não vejo forma positiva”, descreveu.
Já o presidente do CRMV-MG agradeceu por poder representar todos profissionais que prestam serviço à sociedade. “(Somos) Responsáveis, em grande parte, por onde o Brasil está. Eu me sinto honrado em fazer parte do Sistema e, mais ainda, por falar em nome de meus colegas, que contribuem efetivamente para o bem-estar da sociedade e dos animais”, disse Rocha. Já o presidente do CRMV-PI reforçou que a Medicina Veterinária e a Zootecnia são profissões irmãs, representadas pelo Sistema. “Somos mais de 200 mil profissionais, presentes em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. Estamos presentes no fortalecimento da balança comercial do país, na produção de alimentos para a humanidade e atuando na geração de bem-estar para todos”, destacou.
Desafios
Em seu discurso, Maria José afirmou que, como professora da UFRPE há mais de 26 anos, não poderia deixar de alertar para a questão do ensino. “Temos que manter a qualidade dos nossos profissionais. Não podemos ficar calados com a oferta de cursos na modalidade a distância”, disse.
Presente também à solenidade, o senador Wellington Fagundes enfatizou que, mais que uma comemoração justa e merecida, que qualifica a profissão e a entidade, este era um momento de reflexão. “Efetividade, justiça, bem-estar para todos, saúde única, cooperação, comprometimento e inovação. Esses são os pilares dos valores do Sistema CFMV/CRMVs. Meio século de atuação faz com que reconheçamos o valor de todos os que atuam na área. Graças à Medicina Veterinária, o Brasil caminha, e caminha bem”, destacou.
Biondini relembrou o exemplo do pai, também médico-veterinário, e parabenizou o CFMV. “Não só pelos 50 anos, mas por sua atuação brilhante e cada vez mais reconhecida e valorizada. Como diz o Doutor Milton, depende dessa categoria o futuro da humanidade”, observou.
Para encerrar a sessão solene, o deputado Domingos Sávio reiterou que aquela era uma justa homenagem aos 50 anos do Sistema CFMV/CRMVs, mas alertou que o momento também é de reflexão. “Reafirmo meu compromisso com a profissão, que deve ser sempre revestida de ética. É um desrespeito pensar na oferta de curso de Medicina Veterinária na modalidade de educação a distância”, lembrou.
Para ele, a profissão não se rivaliza com nenhuma outra, ela coopera. “É inconcebível que alguém, nos tempos atuais, pense numa sociedade com mais de 200 milhões de brasileiros, tendo milhares de profissões desorganizadas, sem o apoio dos conselhos profissionais para regulamentá-las e defender a sociedade. Médicos-veterinários têm nesta Casa uma trincheira para defender a nossa profissão. Eu e meus colegas parlamentares estamos sempre atentos às necessidades da nossa profissão. Compreendê-la no contexto mundial é relevante para continuarmos contribuindo para um mundo melhor”, enfatizou, encerrando a cerimônia.