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30/06/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:10am

Enquanto uma comitiva brasileira se prepara para embarcar para a Rússia, na próxima segunda-feira, para tentar reverter o embargo às carnes brasileiras, o País comemora a reabertura do mercado sul-africano

Enquanto uma comitiva brasileira, formada por técnicos do Ministério da Agricultura, se prepara para embarcar para a Rússia, na próxima segunda-feira, para tentar reverter o embargo às carnes brasileiras, o País comemora a reabertura do mercado sul-africano. Mas nem esses anúncios, feitos ontem pelo ministro da Agricultura, Wagner Rossi, acalmou os ânimos dos suinocultores nacionais. Em reunião ontem em Brasília (DF), o setor reivindicou medidas emergenciais para conter a crise vivida, entre elas a renegociação das dívidas dos produtores, a compra dos volumes excedentes no mercado e uma campanha nacional para incentivar maior consumo de carne.

Após negociações e até uma ameaça de ir à Organização Mundial do Comércio (OMC), contra o fechamento da África do Sul à carne suína brasileira, o setor recebeu a liberação às exportações para aquele país. "A abertura do mercado sul-africano é um marco para o Brasil, pois é o último país a reverter a sua posição desde o foco de febre aftosa registrado no nosso país em 2005".

Ao saber da notícia, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, parabenizou o ministério, pois a medida "corrige a irregularidade, totalmente em desacordo com as regras de comércio internacional amparadas pelo Acordo sobre as Medidas Sanitárias e Fitossanitárias da OMC, que causou sérios prejuízos à suinocultura desde outubro de 2005".

Segundo informações do Mapa, para que os embarques sejam retomados, o governo sul-africano irá oficializar, em breve, a decisão e enviar um modelo de certificado sanitário internacional para as autoridades brasileiras. O documento indicará os critérios para as exportações da carne suína nacional. "É nossa terceira vitória do setor de Suínos: abrimos o mercado da China, dos Estados Unidos e, agora, o da África do Sul. E também estamos avançando com a Coreia do Sul e o Japão", comemorou Rossi.

Na mesma ocasião, Rossi também confirmou a ida de uma missão técnica do Ministério da Agricultura a Rússia, na próxima segunda-feira (4), para negociar a retomada da venda de carne suína brasileira para aquele país. A comitiva será liderada pelo secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, Francisco Jardim, que aproveitará o ensejo para apresentar ao chefe do serviço veterinário russo (Rosselkhoznadzor), Sergei Dankvert, uma lista com 140 frigoríficos nacionais aptos a retomar os embarques imediatamente. "Não quero opiniões. Quero que façam o dever de casa e cumpram o que os russos pediram. Não quero discurso de técnico explicando por que não fez o que tinha de ser feito. Estamos falando de um mercado de US$ 4 bilhões", desabafou o ministro Rossi.

Em uma reunião paralela, também em Brasília, na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, para discutir o mercado de carnes do País, representantes do setor de Suínos comemoraram a abertura da África do Sul, e a missão brasileira à Rússia. Entretanto, afirmaram que somente isso não resolverá a crise na suinocultura brasileira. "Essa reabertura veio em boa hora, pois estávamos totalmente mergulhados em uma crise financeira, e isso já ajuda. Precisávamos de boas notícias depois de tantas desgraças. Agora não é momento para comemorar, é hora de colocar a mão na massa e trabalhar", frisou o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador.

Durante o encontro na Câmara foram sugeridas algumas medidas para resolver a crise na suinocultura a curto prazo. Segundo o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi, os produtores necessitam da liberação de volumes maiores de insumos no balcão, de uma ferramenta para a renegociação de dívidas, além da liberação de crédito extra para a compra de insumos. A compra do excedente de carne no mercado interno pelo governo, e uma campanha nacional para o consumo dessa proteína nos moldes do café para incentivar o consumo. "Foram colocadas quatro propostas, que se o governo tomar as medidas cabíveis o problema poderá ser resolvido a curto prazo. Vamos manter o pé atrás até o caso ser resolvido, pois tudo é assim, colocamos as propostas e eles analisam. Mas até elas serem efetuadas nós não podemos comemorar", disse.

Já Francisco Turra, presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), também presente na reunião em Brasília, afirmou que o governo está preocupado com os problemas que alguns países estão levantando no Brasil. "Nós falamos basicamente sobre o embargo russo, e também sobre problemas que diversos mercados têm criado para o Brasil. O Iraque está exigindo um certificado de salmonela zero para o embarque de carnes, e não existem condições técnicas de se fazer isso em nenhum lugar no mundo, por exemplo. Temos de ficar atentos com isso", contou ao DCI.