Suínos

30/06/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:10am

"É nossa terceira vitória do setor de suínos: abrimos o mercado da China, dos Estados Unidos e, agora, o da África do Sul. E também estamos avançando com a Coreia do Sul e o Japão", disse Rossi em coletiva de imprensa.

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, a África do Sul tomou, em 2005, uma medida "exacerbada" em virtude de foco de febre aftosa em bovinos em Mato Grosso do Sul e barrou as exportações inclusive de Santa Catarina, reconhecida internacionalmente como área livre de aftosa sem necessidade de vacinação.

Segundo Neto, a reabertura desse mercado "corrige irregularidade, totalmente em desacordo com as regras de comércio internacional amparadas pelo Acordo sobre as Medidas Sanitárias e Fitossanitárias da Organização Mundial do Comércio (OMC), que causou sérios prejuízos à suinocultura desde outubro de 2005".

Rossi disse que a África do Sul é um mercado promissor para o qual o país poderá exportar carne suína em um montante de US$ 40 milhões a US$ 50 milhões por ano. Em 2010, os sul-africanos compraram US$ 451,7 milhões em produtos agropecuários brasileiros. As principais importações foram de carne de frango (US$ 161,4 milhões) e complexo sucroalcooleiro (US$ 58,8 milhões), principalmente açúcar.

Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) mostram que, entre janeiro e maio deste ano, a exportações para a África do Sul chegaram a US$ 246,3 milhões, crescimento de 19,4% em relação ao mesmo período de 2010. As carnes (de frango e bovina) continuam em destaque, com aumento de 20,8% no valor dos embarques que atingiram US$ 102,2 milhões.

MISSÃO BRASILEIRA VAI À RÚSSIA

Uma missão brasileira estará em Moscou, na Rússia, a partir do dia 4 de julho, para negociar o fim do embargo às exportações de carne, imposto a 85 frigoríficos do Paraná, Rio Grande do Sul e de Mato Grosso. A informação foi dada pelo ministro da Agricultura, Wagner Rossi. A suspensão foi anunciada no início do mês de junho e entrou em vigor no dia 15.

"Me reunirei hoje [ontem] com membros da missão para falarmos sobre a viagem e as negociações. Quero que cumpram o dever de casa e apresentem o que os russos pedirem", disse Rossi. Segundo ele, dos 210 frigoríficos nacionais habilitados a exportar para a Rússia antes do início dos embargos, 140 estarão na lista que será entregue pelos representantes do governo brasileiro, na próxima semana, como cumpridores de todas as exigências impostas pelos russos. "Os demais [frigoríficos] terão de se adequar", disse.

O ministro criticou a má qualidade das traduções, para o idioma russo, dos documentos encaminhados pelo Brasil ao diretor do Rosselkhoznadzor (Serviço Federal de Fiscalização Veterinária e Fitossanitária da Rússia), Sergey Dankvert. Segundo Rossi, os erros de tradução foram objeto de uma reclamação do próprio Dankvert, em reunião que os dois tiveram em Paris, durante encontro de representantes da área agropecuária do G-20 (grupo que reúne países ricos e principais emergentes).

"Quero tomar providência no setor de comunicação quanto à tradução. O [diretor Sergey] Dankvert disse que ainda não tinha recebido os documentos e o que tinha recebido apresentava algumas incorreções. O Brasil não pode mandar uma tradução inadequada para o Dankvert analisar. Estamos falando de um mercado de US$ 4 bilhões. Não podemos ficar sem tradução. É um desabafo", disse Rossi.

O ministro também criticou aqueles que contestam as exigências sanitárias de países compradores de produtos agropecuários brasileiros. "Estou rouco de tanto ouvir técnicos dizendo que não é possível que peçam isso ou aquilo. Como não podem? Eles podem pedir o que quiserem. Temos que atender aos nossos clientes, temos que ter um mercado maduro. Todo dono de bar sabe que o cliente tem sempre razão".

INVESTIMENTOS EM LABORATÓRIOS

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, afirmou que a presidente Dilma Rousseff respaldou seu pedido de recursos para a atualização dos laboratórios públicos, feito após problemas de embargo a carnes brasileiras pelas autoridades sanitárias russas. Segundo ele, são necessários cerca de R$ 50 milhões para uma "boa atualização".

Rossi disse que a Casa Civil já está analisando as necessidades de renovação dos laboratórios de análises sanitárias. "Eles não são ruins, mas se ressentiram da falta de investimentos nos últimos anos", disse.

O ministro disse, no entanto, que não quer mais ouvir a desculpa de que as demandas não podem ser cumpridas e afirmou que, se necessário, serão usados laboratórios particulares, no país ou no exterior. "O Brasil tem um protagonismo que não pode se permitir não ter os recursos necessários para cumprir as exigências dos clientes."

As exportações de carne representam quase 20% das vendas externas do agronegócio nacional, que já ultrapassou a marca de US$ 80 bilhões nos últimos 12 meses. Os laboratórios garantem o cumprimento das exigências sanitárias do produto exportado e daquele consumido no país.