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17/06/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:10am

Os detalhes do Projeto Biomas, desenvolvido pela CNA e Embrapa para garantir uma atividade rural sustentável

Os detalhes do Projeto Biomas, desenvolvido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para garantir uma atividade rural sustentável, foram apresentados ontem (15/6) a pesquisadores e professores de várias instituições ligadas à pesquisa científica no Cerrado, convidadas a participar do projeto. A iniciativa tem por objetivo a busca de parcerias para a execução do projeto e marcou o início de uma programação de três dias, que incluiu também visita técnica a uma propriedade rural que será utilizada como referência para os estudos das características de clima, solo e vegetação do bioma. Esta análise servirá de diagnóstico para as primeiras experiências práticas. Lançado no ano passado, o Projeto Biomas tem por objetivo conciliar a produção de alimentos e a preservação ambiental nos seios biomas brasileiros (Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia, Caatinga, Pampa e Pantanal), reforçando o compromisso do produtor com o meio ambiente.

Na abertura do encontro, o superintendente geral da CNA, Moisés Gomes, afirmou aos participantes que os mais preconceituosos com o setor agropecuário acabam fazendo uma polarização entre a produção de comida e a preservação ambiental. No entanto, ressaltou, esta disputa não existe no País. “O Brasil produz de forma muito peculiar no mundo, mantendo 62% do seu patrimônio ambiental preservado e ocupando só 27% do seu território com produção”, afirmou. Helton Damin, chefe-geral da Embrapa Florestas, unidade da estatal que coordena as ações do Projeto Biomas juntamente com a CNA, destacou que o projeto terá como foco central a utilização das árvores, que serão utilizadas nas propriedades, tanto no sistema produtivo quanto nas áreas que devem ser preservadas e recuperadas nas fazendas. “É um projeto que será muito bem construído”, enfatizou.
Segundo o coordenador nacional do Projeto Biomas, Gustavo Curcio, os trabalhos nos seis biomas começam em três anos. Até agora, as ações já se iniciaram na Mata Atlântica e no Cerrado. Ao explicar as fases de implementação da primeira etapa do Projeto Biomas, ele disse que o projeto deve estar consolidado em nove anos, período de implantação da primeira fase do projeto. Esta fase inclui a escolha de áreas de conservação ambiental e propriedades rurais, a realização de pesquisas e diagnósticos sobre as características de solo, vegetação, clima, faunas e flora, a busca de parcerias e formação de rede de pesquisadores.

Depois desta etapa, começa a aplicação dos resultados de pesquisas nas propriedades rurais, que servirão como “vitrines tecnológicas”, onde serão feitas as primeiras experiências de utilização do componente arbóreo, ou seja, mudas de árvores nativas ou exóticas serão plantadas nas fazendas para integração com o sistema produtivo e para a recomposição e recuperação das áreas ambientalmente frágeis nas propriedades rurais. A idéia é utilizar uma vitrine tecnológica em cada bioma, com o intuito de fornecer ao produtor rural acesso gratuito a instrumentos técnico-científicos de pesquisa na propriedade rural.
Mata Atlântica – Durante a programação da manhã, os especialistas presentes conheceram a experiência do Projeto Biomas na Mata Atlântica, primeiro bioma a ser contemplado, onde os trabalhos estão sendo desenvolvidos em uma propriedade rural do Espírito Santo. O relato foi feito pelo pesquisador Luciano Toledo, do Instituto Federal de Educação do Espírito Santo (IFES) e coordenador do projeto na Mata Atlântica. Ao falar sobre a aceitação ao Projeto Biomas, ele destacou as condições favoráveis da fazenda para a realização de pesquisas científicas e o apoio do governo local ao Projeto Biomas. “Todos que viram abraçaram a causa e isso foi muito importante”, revelou.

Propriedade definida – A programação da tarde foi marcada por uma visita a propriedade onde serão realizados os trabalhos experimentais de pesquisa científica no Cerrado. O local, a 64 quilômetros do centro de Brasília, pertence aos produtores Adriano Varella Galvão e José Brilhante Neto, e se destaca na produção de grãos e pecuária. Eles viram no Projeto Biomas a resposta para muitas perguntas sobre como conciliar produção e preservação ambiental da maneira certa. “Muitas vezes se faz a coisa errada e não sabemos que estamos fazenda errado. Ou quando sabemos que estamos fazendo da maneira errada não sabemos corrigir e esse projeto trará a solução para muitos questionamentos e mostra de fato que o produtor não quer desmatar, porque se ele desmata, está matando ele mesmo”, enfatizou Galvão. “Achei o projeto muito interessante, principalmente com a participação das universidades nesse processo, que sempre valorizei muito”, completou Neto.

A equipe de professores e pesquisadores percorreu vários pontos da fazenda, discutindo e sugerindo que tipo de trabalho poderia ser feito para cada área visitada. “Há locais aqui onde podem ser plantadas árvores madeiráveis, mas também podem ser utilizadas árvores frutíferas”, disse o pesquisador Danival de Freitas, da Universidade Federal de Goiás (UFG), que trabalha no campus do município de Jataí. “Há muita coisa que pode ser feita aqui. Tem tudo para ser um projeto brilhante”, definiu a professora Sílvia Sobral Costa, do curso de Agronomia da Faculdade Evangélica de Goianésia (GO). Durante a visita, o coordenador nacional do Projeto Biomas, Gustavo Curcio, fez questão de destacar as condições favoráveis do local e as várias características de solo encontradas na propriedade. “Há ampla possibilidade de projetos de pesquisa, que poderão trazer ganhos econômicos, sociais e ambientais para os proprietários”, frisou.

O encontro entre os pesquisadores continuam hoje (16/6) e amanhã (17/6), com reuniões técnicas na sede da Embrapa, em Brasília. Além da CNA e da Embrapa Florestas, participam das discussões representantes da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Goiás, Centro Universitário de Mineiros (GO), Emater/DF, Secretaria de Agricultura de Goiás, Embrapa Cerrados, Embrapa Florestas, Universidade Federal de Goiás (UFG), Embrapa Agrossilvipastoril, Embrapa Arroz e Feijão, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Universidade de Brasília (UnB), Embrapa Pesca e Aquicultura, Instituto Federal Goiano e Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG).