apicultor

26/05/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:10am

A Emater-RS/Ascar aposta na criação de abelhas como uma alternativa para garantir a segurança e a soberania alimentar nas propriedades rurais

A Emater-RS/Ascar aposta na criação de abelhas como uma alternativa para garantir a segurança e a soberania alimentar nas propriedades rurais, além de promover a diversificação e a geração de renda. Conforme informativo conjuntural divulgado pela entidade, com a apicultura é possível explorar produtos como pólen apícola, geleia real, cera, própolis e mel. A agrônoma da Emater/RS-Ascar, Suzana Medianeira Lunardi, ressalta que a safra de mel neste período de outono está animadora para os produtores. “Na última primavera, a quantidade coletada foi baixa, o que contribuiu para o aumento do preço do quilo.”

A abundância de florada do eucalipto, as chuvas bem distribuídas, as temperaturas adequadas para a época e os dias ensolarados têm possibilitado para alguns produtores o uso da segunda sobrecaixa. Suzana alerta que esse período também requer atenção dos produtores para o manejo das colmeias (com revisão dos ninhos) e a necessidade de fornecimento de alimentação para o período de inverno, dando condições aos enxames de entrarem na primavera fortalecidos e prontos para começarem a produção do mel.

A Cooperativa Regional de Agricultores Familiares Ecologistas Ltda (Ecovale) está otimista quanto à venda do mel produzido pelos 15 apicultores associados na ativa. Conforme o engenheiro agrônomo do Centro de Apoio ao Pequeno Produtor (Capa), Luiz Rogério Boemeke, em comparação com anos anteriores, quem está se dedicando vem colhendo relativamente bem até agora. “Esperamos uma produção de 2 toneladas de mel durante o período”, destaca.

As famílias produtoras de mel da Ecovale são dos municípios de Venâncio Aires, Vale do Sol, Candelária e Rio Pardo. A venda é feita na loja da entidade em Santa Cruz, na Rua Thomaz Flores, 805. Além disso, o produto também é fornecido para a alimentação escolar. Para Boemeke, a introdução do mel no cardápio dos estudantes é fundamental para estimular o consumo, pois é na infância e adolescência que se criam hábitos alimentares saudáveis. “Acreditamos que esse mercado institucional vai impactar no aumento do consumo”, projeta.

Atualmente, o produto fabricado pelas abelhas ainda é pouco comum na dieta da maioria das pessoas. No inverno, no entanto, a procura aumenta, principalmente por suas conhecidas propriedades medicinais. O mel é um energético natural, rico em sais minerais e protege contra resfriados – por isso a demanda cresce nos meses frios. “Muitas vezes as pessoas consomem chimias de qualidade duvidosa, enquanto poderiam usar o mel como cobertura para pães ou como adoçante no café e em doces.”

ASA

A Associação Santa-cruzense de Apicultores (Asa) tem atualmente 80 associados registrados. Dez deles oferecem o mel nas feiras rurais, enquanto os demais vendem o produto a granel no comércio local. O trabalho de envasamento é feito na Casa do Mel e acompanhado pelo Sistema de Inspeção Municipal (SIM). Agora, a entidade tenta adesão ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbipoa), o que possibilita a negociação do mel também em outros municípios.

O apicultor Elton Adamy é um dos fundadores da Asa. Na atividade há oito anos, ele foi o primeiro presidente e é o atual tesoureiro. Segundo comenta, com a colheita indo para a reta final, os produtores têm se mostrado satisfeitos com os resultados obtidos até o momento. “Foi uma safra bem promissora”, comemora. A expectativa de produção é de aproximadamente 15 toneladas. Anualmente, nas duas safras do mel, os apicultores associados colhem uma média de 30 mil quilos.

As características do produto, como o sabor, dependem diretamente das floradas. O mel produzido a partir das flores de eucalipto, por exemplo, é mais escuro e mais forte. Para Adamy, a atividade vem ganhando visibilidade, mas a aceitação entre os consumidores poderia aumentar. “O mel é um alimento nobre que faz bem à saúde”, comenta. Para ele, campanhas de incentivo ao consumo interno poderiam dar mais visibilidade ao produto.
* Com informações da Emater-RS/Ascar do Rio Grande do Sul.

Dia do Apicultor

No último domingo foi celebrado o Dia do Apicultor, data estipulada para promover a atividade. A apicultura é milenar. Há registros que situam a utilização do mel pelos sumérios no ano 5 mil anos antes de Cristo, e o aparecimento da apicultura em 2.400 antes de Cristo, no antigo Egito. No Brasil, apesar de a criação de abelhas existir há muito tempo, seu desenvolvimento só ocorreu a partir de 1955, com a 1ª Semana de Apicultura e Genética de Abelhas, realizada em São Paulo, quando a atividade foi transformada em técnico-científica. Inicialmente, a cultura era praticada de forma rudimentar e, na maioria das vezes, destruía o enxame no momento da colheita. Com o passar do tempo, foram desenvolvidas técnicas para o manejo correto das abelhas e de cuidado com os apiários que permitiram o melhoramento quantitativo e qualitativo da produção.