Preocupação

23/03/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:20am

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse nesta segunda-feira (21) que a radiação nos alimentos após o terremoto que danificou a usina nuclear de Fukushima Daiichi, no Japão, é mais séria do que os especialistas pensavam, apesar do avanço na batalha para evitar um derretimento catastrófico nos reatores.

Engenheiros conseguiram conectar cabos de energia a todos os seis reatores do complexo da cidade localizada a 240 quilômetros ao norte de Tóquio e ligaram uma bomba de água a um deles para reverter o superaquecimento. Esta é a pior crise nuclear mundial em 25 anos – desde o acidente nuclear em Chernobyl, atual Ucrânia.

Mais tarde alguns trabalhadores foram retirados de um dos reatores mais seriamente danificados quando uma fumaça branca emergiu brevemente do local. Não houve nenhuma explicação de imediato sobre o fato, mas autoridades haviam dito anteriormente que a pressão no reator 3 está aumentando. Também foi vista fumaça no reator 2.

O sismo e o tsunami de 11 de março deixaram mais de 21 mil mortos ou desaparecidos e custarão US$ 250 bilhões a uma economia já combalida, o que representa o desastre natural mais caro do mundo.

O chefe da agência atômica da ONU disse que a situação nuclear continua muito séria, mas que será resolvida. “Não tenho dúvida de que esta crise será superada eficientemente”, declarou Yukiya Amano, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em uma reunião do comitê de emergência. “Vemos uma luz para sair desta crise”, disse uma autoridade do governo japonês citando o primeiro-ministro Naoto Kan.

A preocupação é crescente sobre a possibilidade de partículas radioativas já liberadas na atmosfera terem contaminado fontes de alimento e água. “Está claro que a situação é séria”, disse Peter Cordingley, porta-voz do escritório regional do Pacífico Oriental da OMS sediado em Manila.

“É muito mais sério do que qualquer um pensava nos primeiros dias, quando achávamos que este tipo de problema pode estar limitado a 20 ou 30 quilômetros. É seguro supor que uma parcela de produtos contaminados tenha saído da zona de contaminação.”

Ele disse entretanto não haver evidência de que alimentos contaminados oriundos de Fukushima tenham chegado a outros países. “As poucas medidas de radiação relatadas nos alimentos até agora são muito mais baixas do que ao redor de Chernobyl em 1986, mas o quadro total ainda está emergindo”, disse Malcolm Crick, secretário do Comitê Científico dos Efeitos da Radiação Atômica da ONU à agência de notícias Reuters.